segunda-feira, 14 de março de 2016

(des)tempero de família

Daí o Rodrigo Hilbert, apresentador do Tempero de família na GNT, matou um filhote e cozinhou. "Gente que mundo é esse???"

Mundo que sempre vivemos. Onde sempre comemos. Acontece gente. Vou continuar a bater na tecla que nos anos 90 estas coisas passavam na TV indiscriminadamente e não somos adultos afetados, violentos, perturbados. Somos adultos que vivemos uma infância onde pudemos escolher gostar das coisas que gostamos, certas ou erradas. Não fumo, não me drogo, não tenho perturbações psicológicas e minha avó matava galinha na minha frente.

AO VIVO.

Eu nem como carne vermelha, há quase uma década e porque me faz mal - fisicamente mesmo. Peixe quase que só no japa. Frango está cada vez menos no meu prato, ovos eu sempre penso no trabalho das galinhas poedeiras e toda vez que vejo uma gema clarinha fico com dó da coitada da galinha que já devia estar cansada de tanto botar ovo. Desde criança sou assim: tenho dó dos animais mas como carne. Porque acho que isso faz parte da cadeia, ninguém faz textão pro leão que hoje comeu uma zebra, amanhã variou e resolveu pegar um cervo. Comer outros animais faz parte da alimentação, e, NA MINHA OPINIÃO, faz quem quer. Não critico ninguém quem goste de cebola refogada no shoyo. Não faço textão pra quem ama um bom quiabo. E eu odeio cebola e tenho nojinho de quiabo.

Ao recalque das donas de casas, mães que cresceram à leite com pera (sabia que apertar a teta da vaca dói?), eu digo: Ô produção? Quem editou este programa? Quem tinha o roteiro? Quem da produção já não sabia que isso ia dar ruim porque o mundo tá chato e cheio de fascistas protegidos pelos teclados e touchscreens? Culpa não é de Rodrigo, ele não inventou a roda da cadeia alimentar. Não adianta querer derrubar página, programa, apresentador.

Sabe o que adianta? Entender que vivemos em um mundo de disparidades, culturas e tipos de vida diferentes. Entender e explicar para suas crianças o que você como educador considera certo e errado. E mostrar a realidade do mundo, porque não dá pra uma criança crescer sem saber que humanos comem filhotes sim, desde os primórdios da humanidade. Se hoje consideramos um ato desumano, porque existem outras alternativas de alimentação, não julguemos. Gastronomia é cultura. Destruir a imagem de um profissional nem evolui a sociedade e muito menos acaba com o problema. Estamos fazendo um desfavor à sociedade vegana nos utilizando deste discurso cheio de ódio direcionando ao cara que cozinhou, e não à sociedade que o criou. Porque quando defendemos um grupo criando um contexto de crime, criamos defensores e oprimidos. É este mundo que queremos? Muito mais simples expor e ensinar...

Crianças, me desculpem pelo mundo onde vocês estão sendo criados, pelas verdades mascaradas à que estão sendo expostas. O mundo é muito mais do que esta fração que a nova sociedade te permite enxergar.

Mas esta é só a minha opinião...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ser mulher sem ser feminista, o mundo tá ficando complicado.

Tenho um amigo, que trabalha com cerveja comigo é já está até acostumado com as polêmicas feministas do meio, que diz que toda vez que vê uma polêmica destas lembra de mim e ri porque sabe da minha aversão ao feminismo. E justo eu, que dedico minha vida à ensinar mulheres a beber tão bem quanto homens.
É que eu tenho preguiça de polêmicas, porque odeio discutir coisas que, no meu ponto de vista, são óbvias. E veja bem, se eu digo “no meu ponto de vista”, é porque não tô tentando mudar a cabeça de ninguém. Apenas acho que homens e mulheres são sim diferentes. E que tá tudo bem.
Há 5 meses operei o ombro, fiquei imobilizada um tempinho, e ainda não posso carregar peso. As caixas de cerveja? Homens carregam pra mim, numa atitude de apoio ao próximo. Abrir a porta do carro? Adoro. Se eu tenho preguiça de discutir, quiçá atividades manuais. Aliás, toda forma de galanteio é válida. De sedução também, portanto pode olhar meu decote, porque se eu não quisesse ser olhada eu me vestia de burca – o que aliás, se eu tecer minhas opiniões sobre o islamismo, que eu acho uma religião rica e repleta de conceitos que visam a proteção da família e da cultura, como qualquer religião, nossa, amarra esta garota, dirão.
Sou filha de mãe solteira, forte e guerreira. Admiro minha mãe de uma forma que palavras não exprimem. Mas eu quero filhos e marido. Quero filhos homens que cuidem de suas mulheres como meu pai não fez. Quero um marido pra cuidar, e pra cuidar de mim, porque este é meu entendimento de amor: querer cuidar.
Trabalho, trabalho muito, já cheguei a trabalhar quase 20 horas em um dia. Nossa, que workaholic! Sou sim, adoro trabalhar, mas se um dia eu precisar abdicar da minha vida profissional pra cuidar de filhos, casa, PESSOAS, não terei problema nenhum com isso.
Sobre sexo, ah meu Deus! Sexo diz respeito àquelas duas pessoas (ou mais, cada um cada um) que estão fazendo o que lhe dão prazer. Se ela quer apanhar na cara porque sente tesão na submissão, bata, puxe o cabelo, agarre com força. Se ela curte ficar por cima, deixe-a liberar aquela energia contida no dia-a-dia. Em suma, sejam parceiros e satisfaçam-se, independente de machismo/feminismo/mimimimismo. Porque esta é a finalidade do sexo: parceria, cumplicidade, amor. (em tempo, não uso X pra não esclarecer gêneros por uma simples regra gramatical: o plural de sujeitos indeterminados é usado na forma masculina.)
Minhas saias curtas, meus ombros à mostra, meu cabelo jogado, minha opção pela depilação a laser, lâmina, cera, ou até nenhuma, são parte do que eu gosto de ser. Meu corpo minhas regras não é mesmo? Não levanto bandeira nenhuma, não faço apologia à nada. Eu não sou obrigada a tomar partido só porque sou mulher, só porque trabalho num ambiente de divisões claras entre homens e mulheres, só porque me acho moderna.
Aliás, ninguém pediu a minha opinião quando queimaram sutiã e me obrigaram a trabalhar em dia de cólica. A recíproca é verdadeira. Se eu quiser tratamento especial porque menstruo, porque sou mulher, porque pari e mereço 6 meses de salário garantido, eu não posso me julgar defensora dos direitos iguais, porque estou mesmo é exigindo tratamento diferenciado. Então eu apenas sigo as regras. Ou se quiser fazer as minhas, saio do sistema, como já fiz.
Se um homem maltrata uma mulher, seja em agressões físicas ou palavras, o problema é ele. Tem que ser punido sim, porque desrespeitou outro ser humano, mais fraco por questão de fisiologia. Se o mesmo homem agrediu um outro homem menor, mais fraco, a justiça deve ser a mesma.  Então minha bandeira não tem cor, não é nem rosa nem azul.
Tem um coração gigante. Tem um smile face.
Minha bandeira defende o amor entre as pessoas, o respeito às opiniões.


Porque eu não sou obrigada a nada.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Uma relação em parágrafo único

Como muitas mulheres, eu tive o sonho de casar bonito, de branco, na igreja. E na pressa da imaturidade, deixei isso acontecer sem o amor mútuo e maduro. Acreditei num conto de fadas, acreditei que a paixão sustentaria a rotina. Aliás eu nem sabia o que era rotina. Meses depois, a relação já dava o ar de comprometida com argumentos egoístas e despreparados. Mas existe um sentimento que só quem casa conhece: o de achar que amanhã vai ser diferente. E neste sentimento vivi o relacionamento mais complicado que já ouvi falar. Na fase da lua-de-mel, recém-casados, aquela que nem foi a primeira briga denunciou o que estaria por vir: o primeiro reveillon separados, e brigados. O primeiro pensamento era de separação, mas um mais forte era o da vergonha de se separar – pra mim, não pra ele, mais prático e cético. Reatamos, entre lágrimas e promessas, porque tudo naquele tempo era sobre a viagem, que mudaria nossa vida e nos colocaria juntos para sempre. Não foi, não mudou e nos afastou. E quando, por insistência, voltamos, deixou mágoas e feridas que nunca cicatrizaram (pausa para dizer que eu, que nunca lidei bem com cicatrizes, tive que aprender a conviver com uma ferida aberta, dolorida e num lugar inconveniente: bem na auto estima). Desta vez, fomos mais longe, construímos uma base, nos aproximamos, até tentamos dar ênfase na palavra família aumentando-a com gato e cachorro. Mas vivíamos pisando em ovos, e de novo, outra separação. Foi em doses pequenas, mas que se consolidou. Só que havia um quê de não sei o que, não sei se amor, apego ou orgulho, que um não deixava o outro ir. Foram “flashbacks” aqui e ali, por quase um ano, que trouxeram uma grande perda – viu que estava se metendo numa roubada e decidiu não ficar por aqui – e uma grande alegria: a (denovoooo) reconciliação. Que aconteceu porque eu, um dia, vi que não sabia lidar com este lance de ficar, de dividir e muito menos de não se comprometer. O nome desta relação sempre foi meio estranho... “namoro meu ex-marido”. “Namorido”. Cada um na sua casa, e eu defendia a ideia de que estávamos amadurecendo a relação. Não, não estávamos. Porque é muito fácil namorar com quem você tem que trabalhar a convivência. Apertou, vai pra sua casa que não quero te ver. E isso foi ficando cada vez mais comum, dormir separados, viver separados num casamento só de papel. A aposta feita, em 5 meses saiu o resultado: exatamente no dia que completaríamos 3 anos da relação mais complicada, tudo acabou. De novo, ele desistiu, como sempre fez quando ficava muito difícil. E desta vez, eu não lutei, não discuti, não procurei respostas, não joguei nada na cara. Simplesmente absorvi, cansada, saturada. E o absolvi. Acho que finalmente ficou claro que algumas relações somam, outras empatam. E me despi do meu orgulho de manter uma relação de eternos zero a zero. Aliás, diferente das outras separações, onde muitos sabem o quanto sofri e chorei (gente é inacreditável o quanto eu chorei), hoje eu estou com um sentimento indescritível de conclusão. Fui a típica escorpiana teimosa, ele o típico ariano alheio. Eu fiz muito mais do que podia, me doei, me entreguei a um amor que nem consigo ainda saber se existiu – deixo esta resposta pro tempo me dar daqui uns 30 anos. Ele nadou com a maré, ditando sua inércia e eu me aconcheguei nisso, mesmo internamente desconfortável. Não era pra ser, não mesmo, contrariando o que eu tinha escrito dois dias antes do fim. E assim, por ora, o sonho de casar bonito tomou outra forma.

domingo, 10 de maio de 2015

Je perds

Esta semana perdi mais alguém, uma peça importante que saiu rasgada de mim, mas que eu deixei que fosse... Uma a uma as pessoas escolhem sair porque eu, talvez mudada, não as forço mais pra ficarem. Não faço mais questão de argumentar, de insistir, de me indispor ou ir contra meus sentimentos.
Ficar sozinha tem sido doloroso mas a melhor escola que frequentei. Perder é difícil, mas a pessoinha que eu mais quis na minha vida... Veio até aqui e deu meia volta... Me achou bagunçada pelo visto! E mal esteve aqui já me ensinou: se respeita, mãe! Se dá espaço! Não faz o que os outros querem ou esperam. Chora mais e engole menos, porque um dia, quando eu voltar, vou precisar do seu coração livre de mágoas.
Então perder já não dói como doía. Simplesmente suspiro e sigo, encaro como mais uma lição.
Todas essas pessoas voltarão, eu sei, se elas quiserem eu estarei de braços e coração abertos. Só preciso - e precisam - de tempo pra me entender, entender onde eu vim parar e como sair daqui.
Não deixei de amar nenhuma. Só me fechei. Me escondi. Porque quando perdi a menor delas, entendi a maior delas....

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Unlike

Sabe aquele dia? Aquele que bate uma tristeza desnecessária, que aquela fossa volta com força total, que a solidão te fecha no quarto e bota um piano travando a maçaneta? Sabe aquele dia que até a música boa te faz chorar? Que ver uma foto sorridente de um casal apaixonado, uma selfie nas férias na gringa, a foto de uma barriga explodindo de gravidez e alegria te fazem duvidar de todas as suas escolhas?

Quem nunca? Quem nunca quis expôr suas dúvidas, medos e incertezas no facebook mas teve receio que seu mimimi virtual não gerasse likes suficientes pra te tirar da fossa cíclica? Porque a foto sorridente em horas trazem notificações exponenciais de curtidas, enquanto a realidade dura só gera um suspiro. Sofrer por amor é proibido na internet. Mas inveja branca pode.

Sabe aquele dia que tudo que você quer é nunca mais sair da cama, se enfiar no balde de pipoca, coca-cola e chocolate assistindo filmes melosos mas opta por ir dar um check-in no cinema, mesmo arrastada, para poder interagir virtualmente? Entende como uma promissora vida virtual traz mudanças absurdas à nossa vida de fato? Na internet, ninguém quer lidar com sua dor. Se as fotos e filtros são de felicidade plena, a vida é de luta constante.

Não quero fazer apologia à solidão, Deus me livre! Mas estou saturada da superficialidade que a vida do facebook me trouxe. Sei que estar triste não é uma condição eterna, é uma fase de transição, de reconstrução, de reconstituir aqueles pedaços perfuro-cortantes do coração que todo término traz – e por término leia-se de qualquer coisa: relacionamentos familiares, amorosos, de trabalho, amizades, projetos, etc. Por ponto final em QUALQUER coisa dói. E é neste momento que você mais precisa de força e determinação, sempre tem alguém casando, tendo um filho, viajando pro lugar mais filhodaputa, conseguindo o emprego dos sonhos... e o sentimento de derrota vem com os dois pés no peito! Porque, claro, no facebook todas as vidas são perfeitas!

Cometi suicídio. Porque preciso chorar, compartilhar lágrimas com os amigos até passar; e não passa, não tem jeito! Pra parar de me comparar, de me iludir. De acompanhar a vida alheia tal qual novela. Parar de dar informações sobre a minha vida, parar de filtrar as emoções.

Não ligo pra exposição, não sou anti-social. Só entendi que preciso de um tempo.

Por isso, eis minha carta de suicídio virtual. Talvez seja temporário, talvez não. Talvez isso me faça feliz, talvez não.

Apenas precisava tentar.


:* - se sentindo determinada.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Eu amo

O que é meu e o que não é. Explico...

Amo o amor. 
Amo sentir aquela fagulha, aquela pontada de gases no coração. 
Amo tudo, amo todos. 
Amo de doer até doer. 
Amo até o amor dos outros, esse eu amo de paixão. 
Amo meu passado, amo tudo que vivi, conto como se fosse hoje. 
Amo até meu futuro, sonho com ele todos os dias e temos uma relação simbiótica. Nos damos super bem, esperando um ao outro. 
Amo quem está por vir - ao mundo e à minha vida. 
Amo quem está na minha vida e faz valer. E quem não faz eu amo também, porque vai virar a história que eu amo contar. 
Amo em doses homeopáticas este presente conturbado - esta nossa relação é complicada, a gente criou muita expectativa mas estamos "nos adaptando".

Amo. 
Amo coisas, pessoas e animais. Love it. Love them. Love all.
Amo quem me faz querer amar mais, se é que isso é possível. 

E ver o amor dos outros, pelos outros e nos outros me faz amar mais.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A última peça

Depois de tanto tempo, tanto esforço pra entender, tantos textos escritos inspirados pelo desamor, vem uma informação da forma mais simplista e cai no colo. Assim mesmo, sem pedir, sem buscar, sem investigar, o sonho da vida de qualquer mulher se faz real em informações substanciosas dada por pessoas em comum, que sequer desconfiavam da gravidade do que falavam – para meu coração. O problema ali realmente não era eu.

Hoje tanta coisa faz sentido. Ao ouvir aquelas histórias, t.o.d.o.s os momentos que nos envolveram passaram na minha frente. Algumas conversas, palavras, comentários, encontros, casos, fotos. Coloquei a última pecinha neste quebra-cabeça que, repito, montei sozinha, desenhei sozinha e carreguei comigo desde o primeiro jogo sozinha. O problema ali é que eu realmente era eu.

E durante todo este tempo eu achava que o problema é que eu não tinha sido eu, tinha montado um personagem. Não, eu fui despretensiosa até demais. Talvez se tivesse sido menos intensa, teria engatado, mas não passaria da 3ª marcha. Porque o problema ali não era meu.

E se eu alguém tivesse me contado isso antes, no ápice do meu encantamento? Eu teria mudado. Eu ia tentar me encaixar. Eu ia continuar teimando até sangrar. Eu jamais aceitaria, na minha autoestima fantasiada de imponente, que o problema, ali, não era eu. Eu caçava defeitos, caçava motivos, caçava deslizes. Foi preciso este tempo para entender, precisava viver outras dores, outros desamores. Precisava aprender a olhar pra trás e sorrir, e ter maturidade pra aceitar que o problema ali, realmente, é que não era pra ser meu.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Mais um carnaval


Em vez de contar primaveras, por uma curta fase da vida contei carnavais.

Tive um namorado que dizia amar o carnaval, pois havia nascido no carnaval. Não me lembro de um baile de carnaval com ele. Outro, que também nasceu no carnaval, não era brasileiro. Quando assumi a solteirice, levei a sério este lance de amar o carnaval. E então conheci o verdadeiro carnaval brasileiro. Curti p.r.a.c.a.ra.l.h.o, mais do que minhas próprias pernas podiam aguentar, durante dois ou três anos. E então, o que nunca imaginei, me apaixonei por alguém que não compartilhava a devoção pelo carnaval. No primeiro ano, conseguimos equilibrar e conciliar. Um bloco aqui, outro acolá, um Rio de Janeiro aqui, um você fica até a quarta de cinzas que eu volto pra SP acolá, e a realidade aconteceu. No próximo ano, entre as viagens de trabalho dele e o Strawberry Fields Forever, curti o bloco sozinha, mas de aliança no dedo. Na semana seguinte, carnaval na neve, comprada  - e muito bem comprada – fui para NY fazer um esquindô a dois.

Este ano me vejo novamente em um relacionamento sério com o carnaval, mas vejo como nossa relação amadureceu. Ou endureceu. Ou envaideceu. Não sei... Os blocos ainda envolvem, colocam sorriso no meu rosto. Mas falta paciência, pegada, timing – este timing sim eu perdi. Me vi já no pré-carnaval julgando, olhando torto, cheia de não me toques e não me beijes. Me senti velha, pela primeiríssima vez na vida. Contemplativa, estou querendo entender a relação carnaval X juventude.


E no auge dos meus trinta e poucos tão vividos, tenho ainda uma semana de pré-carnaval para (me) entender e me entregar.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

As mulheres da geração Y

Muito se fala dos jovens dessa tal geração Y. Aliás, muito de fala da diferenciação das gerações - pós-guerra (gosto tanto dos baby-boomers, estes sim têm história pra contar), revolução sexual, era da tecnologia. Eu, pessoalmente, me defino como da geração XYZ. A geração que não sabe o que é nem o que quer.

E consegui finalmente me definir, sem medo, numa conversa de portão, literalmente num portão, quando tentava consolar uma amiga, que se cobrava por não ter feito nada da vida no auge dos seus trinta e tão poucos anos. Ela não viajou o mundo, não comprou apartamento, não é vice-presidente da empresa, não casou e não tem filhos. Ela tinha que ter todos estes itens feitos até os trinta, mas não tinha nenhum.

Assim como todas as minhas outras amigas. TODAS. Pra bem dizer a verdade poucas delas cumpriram ou um ou outro item. E por que não todos? Falta de planejamento? Não, não, falta de vida mesmo. 

Porque somos de uma geração "gap" de prioridades. Criadas por mãe exemplares, muitas vezes em jornada dupla, que nos criaram para ser livres, independentes e decididas. Porém nos deram bases tradicionais familiares: casamento, filhos, família, domingo de folga, férias em Ubatuba. Numa sociedade onde homem e mulher já tem praticamente o mesmo espaço no mercado de trabalho (a não ser que você amiga queira ser astronauta ou funileira)  as mulheres muitas vezes focam a carreira. Carreira esta onde, para se diferenciar, ter idiomas e vivência no exterior faz toda a diferença, além de formação e pós-graduação. E mestrado.

Ou seja, pra fechar esta conta de em 10 anos surpreender a sociedade com todo este currículo acima e ainda ter 2 ou 3 filhos, metaanfetamina. Porque tem Cristo que consiga conciliar tanta geração em uma só mulher?

"Mãe, eu sou uma só", você dizia já na adolescência quando tinha que estudar e arrumar o quarto. 

Quando eu me defini, desacelerei. Filhos vêm quando têm que vir. Carreira decola quando fazemos o que realmente amamos. As viagens acontecem quando nos abrimos para a vida. Tudo na sua hora, no seu tempo. Seu cobranças, sem timing - não, você não perdeu seu timing - e principalmente, sem pressão. Não é porque o número é "30 e" que a vida está perdida.

Ela está só começando pra quem é como eu, uma XYZ. E para as minhas amigas. TODAS.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Pessoas da Augusta


Confesso que tenho um pouco de preguiça destas pessoas. Pessoas cultas, que vão ao cinema por interesse cultural, que vão a cafés com livros, que suas baladas são em ambientes alternativos do baixo Augusta. Pessoas que te julgam o tempo todo pela sua falta de interesse por política sócio-econômica, que moram em apartamentos ou muito grandes ou absurdamente pequenos no centro sujo de São Paulo. Pessoas que se vestem de maneira "única", que expressam sua opinião através de ações e reações. O.Tempo.Todo.

Muita preguiça de discutir, de mostrar meu ponto de vista - afinal que mal há num combo Mc + Cinemark + Pipoca transgênica? - ou de defender meus ideais particulares.

Poxa, eu também sou SUPER alternativa. Se juntarmos uns retalhos da minha personalidade, sou mais cult que muito pseudo-barbado-tatuado que usa allstar surrado e ainda "cola" na DJ todo santo sábado. Mas porque eu curto sertanejo perdi minha moral em escutar rock. Porque eu jogo CandyCrush (FarmHeroes e CandySoda) eu sou superficial e perco preciosas horas de leitura Nietzsche. Porque eu amo salto alto me olham de maneira duvidosa quando estou confortável no meu allstar amarelo. Porque eu uso lentes de contato para meus 6 graus de miopia all day long eu não posso usar óculos quadrados que me garantam o título de alternativa.

Preguiça disso tudo, de títulos, rótulos e estilos.

Muita preguiça disso tudo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Acho que é hora de você saber quem eu (não) sou.

Achei que seria um bom momento pra jogar a real de quem eu sou. Porque eu definitivamente não sou quem você pensa.

Eu não sou forte, pare com isso! Não sou de pedra e muito menos consigo enfrentar qualquer coisa. Eu choro, choro muito, por tudo. Por vezes choro até dormir. Ser grande não é ser forte. E porque as pessoas têm esta certeza que eu sou o Rambo, raramente consigo um colo pra chorar, pra me aliviar.

Eu não sou destemida, eu sou é cagona. Eu enfrento tudo e todos porque preciso, mas se pudesse eu acuava, e então me esconderia atrás das pernas do meu pai. Se esta falta paterna me deu este status de destemida, foi lucro. Ou falta desta oportunidade de ser defendida. E, porque não admitir, depois eu choro.
Eu morro de medo de insetos, todos os que voam, até mosca varejeira me assusta. Abelhas e insetos com ferrão me tiram do corpo. Também tenho medo de barata, mas como barata não morde, eu consigo depois de uma grande dose de coragem pegar o “Raid” e extermina-la (1 barata = 1 frasco de inseticida).

Minha autoestima é mais variável que o dólar. Geralmente é alta, mas quando cai vejo tanta gente tirando vantagem disso... Por isso, às vezes eu pareço pretensiosa demais. E já que estamos aqui abrindo o coração pras verdades minhas, vou admitir: é só armadura. Só preciso ser melhor do que você pra me prevenir de me machucar. De novo.

Não sorrio o tempo todo. Tenho bico naturalmente. Mas tenho que sorrir porque é meu melhor ângulo, e aproveito pra trazer um pouco de oxitocina para o corpo com algumas gargalhadas. Tentar ser feliz tira um pouco do foco da dureza da realidade.

Não sou rica, bem de vida, tranquila ou responsável. Recentemente perdi absolutamente tudo que conquistei - menos minha vivência, minhas viagens, minhas memórias. Então me apeguei à elas, e você acha que eu sou instável e quero viajar o mundo por pura sede de conquista.

E não, não sou do tipo que levanta e vai, faço o que me dá na telha. Muitas vezes, eu já calculei todos os riscos e vi que aquela, que pra você parece a solução mais docemente arriscada, é minha única saída – ou fuga. Mudar, sair do país, se separar, pedir demissão... estas atitudes que para os coxinhas são audaciosas, para mim foram tentativas desesperadas em busca da minha felicidade.

Porque de tudo isso que você já deve ter entendido que eu não sou, vou te dizer quem eu sou: alguém que só busca a felicidade.
Alguém que sorri quando chora pra afastar a tristeza – e porque chorar dói. Que luta de peito aberto contra a vida pra transformar um limão azedo na torta de limão mais doce do mundo e tentar ser o orgulho que quem a criou. Alguém que tem medo de muita coisa – de insetos à escuridão, mas principalmente, tem medo de ficar sozinha. Sou aquela que demora pra se vestir, porque minha autoestima tem que estar bem-vestida. Sou alguém carente, menina, mulher, cheia de defeitos mas com uma ânsia enorme de mostrar todas as qualidades de um mundo cor-de-rosa na sua vida, onde tudo tem um lado bom - até a chuva. Uma pessoa que não quer marca, status, iates. Quer apenas estabilidade. A vida coxinha que tanta gente evita.


Alguém que tudo que mais quer é um colo gostoso no fim do dia, onde eu possa relaxar e, finalmente, ser fraca. Onde depois de um afago nos cabelos e um beijo na testa, escute um  “descansa, dorme em paz, você viveu muito por hoje. Deixa que eu cuido do resto.”