terça-feira, 10 de agosto de 2010

A cartomante

Segunda-feira fria. A cabeça já mal antes mesmo do trabalho. Ideias, planos, problemas. Divagações. Uma amiga me diz que irá visitar uma cartomante, que no passado ela já acertara muitas coisas da vida dela. “Taí” - pensei comigo, “Eu vou também!”

A primeira e única vez que tinha me aventurado nisso foi há alguns bons anos, adolescente ainda, com uma amiga da família, no interior do estado. Lembro bem que, na ocasião, a vidente disse que eu me veria em breve em dúvida entre um loiro e um moreno. Tempos depois, comecei a namorar com o único louco que se dispôs. Logo, não houve a dúvida. Ela disse também que os problemas financeiros seriam passageiros. Hum.

Procurei não pensar no assunto durante todo o dia, já que eu não sabia bem o que queria descobrir. Afinal, nada melhor que o elemento-surpresa! E se as respostas não fossem as esperadas? E se houvesse más notícias? Medo... Mas fui. Chegando lá, imagine-se num estúdio de tatuagem, esperando sua vez para tatuar algo que você ainda não tem muita certeza. Ou, melhor ainda, a primeira na fila de uma atração de um parque de diversões, um misto de ansiedade e medo, um “alguém me tira daqui!”, “quero descer!” ou “o que eu estou fazendo aqui?”. Era mais ou menos assim que eu me sentia.

Chegado o momento, sentei diante de uma mesa esotérica, a simpática Roseli me atendeu com um largo sorriso, uma simpatia que mesmo assim não foi suficiente para quebrar toda a armadura que eu tinha cuidadosamente planejado.

Nome completo? Começamos com a numerologia, que eu gosto bastante. Falamos o quão escorpiana eu sou, o quão pisciana por ascendente demonstro ser, sobre a real (e não só imaginável) força que o 11 exerce na minha vida, a espiritualidade carregada, a intuição e o imediatismo, mas que de fato eu sou um 7. Na data e no nome, em todas as somas. Entretanto, a numerologia se mostrou contra todas as minhas vontades, me mostrando verdades (???) inaceitáveis que eu custo em acreditar. E esta verdade rodeou toda a consulta, me mostrando como sim, a vida É uma caixinha de surpresas.

Enfim, o tarô. As cartas comprovavam os números, iam de acordo com ele. Cartas estas que por diversas vezes me deixaram boquiaberta. Eu não falava, mas as cartas sim. Elas intuitivamente me respondiam antes de eu sequer perguntar. Elas sabiam de mim. Minhas maiores questões foram colocadas à prova, meus maiores receios, segredos, mágoas, reveladas de mim para mim. Duas cartas se fizeram presente: o Louco e a Imperatriz. O que elas querem dizer? Não sei bem, mas mostrou que eu sou a dona da minha vida, dominante e que eu tenho um destino a cumprir, longe talvez. Destino bom, meu otimismo continua afirmando. As cartas só o confirmaram. Já mais à vontade, enfrentei algumas questões mais profundas e práticas, como família, vida, carreira, filhos, saúde. A cada pergunta, meus pés ainda trepidavam sob o banquinho, tensos e ansiosos por uma resposta negativa com minhas expectativas. Mas já que eu estava lá, que fizesse bem-feito. Por fim, a orientação do tarô: liberte-se! Não se sobrecarregue com problemas alheios e jogue mais para o universo aquilo que não se pode resolver.

Bom... posso dizer que esta sessão do desconhecido funcionou como uma excelente terapia. Pude enxergar mais sobre mim, me sentir mais forte e otimista, continuar sonhando e planejando com a certeza que dará certo. Se as cartas funcionam, se eu acredito? Ainda não sei. Mas acredito que a gente move nosso universo, nossas energias tomam formas e se concretizam em ganhos ou perdas, depende de nós construir à nossa volta um ambiente favorável às nossas ambições, desejos e crenças. Acredito que minha própria energia moveu aquelas cartas, assim como minha energia me levará onde quero, como quero e com quem eu quero.

E que meu mundo é sim cor-de-rosa! Porque eu assim o quero.