terça-feira, 3 de junho de 2014

Curriculum

Acho que o currículo tinha que ser em formato carta. Carta aberta, desabafo, lista de desejos. A entrevista tinha que ser entre amigos de longa data, um papo sincero, uma troca de experiências. Algo como um “vai jantar lá em casa” e “toma aqui uma cerveja, cara”. Uma seleção criteriosa não tem que se basear no que a pessoa fez por uma empresa, mas o que ela faz por ela mesma. Como ela cuida da vida, da família, do gato, do cachorro. Como ela sonha e o que ela faz pra atingir o que quer. Porque o que mais fazemos no trabalho senão cuidar? Cuidar dos bens, do departamento, da imagem da empresa. Da limpeza do vidro, à logomarca, ao ativo fixo, ao papel no banheiro, à saúde financeira... Cuidamos de um bem que, quando nos envolvemos, se torna nosso.

Acho que meu passado conta muito menos sobre mim do que minha pretensão de futuro. Meu extenso histórico profissional é limitado se comparado ao que quero fazer, ou ao que eu realmente posso – ou poderia – ter feito. Minhas habilidades vão muito além do que eu mesmo posso imaginar se desafiada. E se aceitar o desafio com o coração.

Acho que um aspirante a funcionário claro que precisa de formação, de conhecimento, idiomas, experiência. O mais experiente não necessariamente é o mais zeloso. O candidato que pula “de galho em galho” não necessariamente é instável. Ao meu redor tenho todos estes, o que procura se envolver, se doar, entender o negócio da empresa e trabalhar por ele. E tem aquele ali, naquele canto, que só quer saber do dia do pagode (com letra minúscula pra ninguém confundir).

Mas acho mesmo que eu morro de medo de ser aquele ali.