Sabe aquele dia? Aquele que bate uma tristeza desnecessária,
que aquela fossa volta com força total, que a solidão te fecha no quarto e bota
um piano travando a maçaneta? Sabe aquele dia que até a música boa te faz chorar? Que ver uma foto sorridente de um casal apaixonado,
uma selfie nas férias na gringa, a foto de uma barriga explodindo de gravidez e
alegria te fazem duvidar de todas as suas escolhas?
Quem nunca? Quem nunca quis expôr suas dúvidas, medos e
incertezas no facebook mas teve receio que seu mimimi virtual não gerasse likes
suficientes pra te tirar da fossa cíclica? Porque a foto sorridente em horas
trazem notificações exponenciais de curtidas, enquanto a realidade dura só gera
um suspiro. Sofrer por amor é proibido na internet. Mas inveja branca pode.
Sabe aquele dia que tudo que você quer é nunca mais sair da
cama, se enfiar no balde de pipoca, coca-cola e chocolate assistindo filmes melosos
mas opta por ir dar um check-in no cinema, mesmo arrastada, para poder
interagir virtualmente? Entende como uma promissora vida virtual traz mudanças
absurdas à nossa vida de fato? Na internet, ninguém quer lidar com sua dor. Se
as fotos e filtros são de felicidade plena, a vida é de luta constante.
Não quero fazer apologia à solidão, Deus me livre! Mas estou
saturada da superficialidade que a vida do facebook me trouxe. Sei que estar
triste não é uma condição eterna, é uma fase de transição, de reconstrução, de
reconstituir aqueles pedaços perfuro-cortantes do coração que todo término traz
– e por término leia-se de qualquer coisa: relacionamentos familiares,
amorosos, de trabalho, amizades, projetos, etc. Por ponto final em QUALQUER
coisa dói. E é neste momento que você mais precisa de força e determinação,
sempre tem alguém casando, tendo um filho, viajando pro lugar mais filhodaputa,
conseguindo o emprego dos sonhos... e o sentimento de derrota vem com os dois pés
no peito! Porque, claro, no facebook todas as vidas são perfeitas!
Cometi suicídio. Porque preciso chorar, compartilhar
lágrimas com os amigos até passar; e não passa, não tem jeito! Pra parar de me
comparar, de me iludir. De acompanhar a vida alheia tal qual novela. Parar de
dar informações sobre a minha vida, parar de filtrar as emoções.
Não ligo pra exposição, não sou anti-social. Só entendi que
preciso de um tempo.
Por isso, eis minha carta de suicídio virtual. Talvez seja
temporário, talvez não. Talvez isso me faça feliz, talvez não.
Apenas precisava tentar.
:* - se sentindo determinada.