segunda-feira, 13 de junho de 2011

Agradeço a Santo Antônio pela graça alcançada!

Promessa é dívida. E quando se trata de Santo Antônio vira questão de honra.

Mesmo remota, não esqueci nem por um segundo que dia tão brasileiro era hoje. Até porque eu fiz uma promessa há uns tempos, dizendo que no momento propício eu contaria essa história.

Sim, a promessa não foi bem para o santo, foi à uma amiga carola, que ficou arrepiada ao saber o que o danado aprontou desta vez.

Há exatos 9 anos, ou seja, MUITO tempo atrás, uma amiga - hoje a parceira de cervejas - surgiu na faculdade com um saco de pão, o batizado pão de Santo Antônio, que traria sorte aos solteiros. Justa como sempre, trouxe aos amigos comprometidos um sonho de valsa. Eu, solteira convicta, ganhei o pão, e devorei-o, mas mais por fome que por qualquer crença e, ingênua, sugeri que a amiga oferecesse o pão à um rapaz que era colega de faculdade. Sem segundas intenções, posso jurar com o aval do santo. No dia seguinte, lá estava eu enamorada pelo tal rapaz, e assim foi durante os outros 5 anos, quando o segundo contato com o santo aconteceu.

Porque quem namora por 5 anos já não é "for fun", e eu vivia num meio termo que me incomodava todos os dias às 20h, quando deixava o trabalho. E a situação ficou cada vez mais complicada quando notei uma certa falta de sintonia quanto ao futuro do relacionamento. Foi quando um amiga querida se casou e passou pra mim uma tradição, que havia sido passada a ela tempos antes, quando ela terminara uma relação de 11 anos (ela se casou com o amor da vida, menos de 1 ano depois do término do namoro e hoje tem um sorriso de orelha a orelha) que já estava super desgastada. A orientação era: peça não um casamento, mas um destino, um encaminhamento. Coloque-o de ponta cabeça e todos os blablabás que sabemos, que contam com copos de água, fitas e amarras. Meio incrédula - ainda - o fiz. Mas do meu jeito.

Me senti desconfortável (e até ridícula) em colocar uma imagem imersa dentro de um copo por período inderteminado. Então "conversei" com o santo, e pedi assim o tal encaminhamento. Pedi que eu apenas fosse feliz, não exatamente naquele relacionamento, mas na vida, feliz comigo. Que eu estivesse com quem me fizesse realmente feliz e me fizesse bem. Que meu futuro no amor fosse próspero, seja ele num então casamento com aquele que namorava, seja em um novo grande amor. Eu apenas queria que tudo desse certo. Combinamos que ele ficaria ali, guardadinho, no fundo do armário, de pé e sem amarras, e qua a próxima vez que nos veríamos eu saberia que ele já havia mexido os pauzinhos dele e que tudo já estaria resolvido.

É claro que eu me imaginava casada no momento de reencontrar o Santo.

Mas, pelos pauzinhos e peripécias do destino, meu reencontro com o Santo foi ao arrumar minhas malas, de mudança - então por tempo indeterminado - para Londres, um ano depois. Eu estava solteira, livre, começando uma nova vida. Ainda, foi preciso mais tempo para entender o porquê de tudo. Este tempo foi o mais importante da vida, e me ensinou muito. Não desdenho do meu passado, cresci e aprendi demais com ele. Fui feliz e fui triste, como qualquer um em qualquer relacionamento.

O Santo continua bem guardado, sem amarras, sem pedidos, sem promessas. Porque eu sei que ele só vai "atuar" na minha vida amorosa quando realmente valer a pena. O santo sabe bem quem e o que eu quero, e eu sei que ele só vai me dar aquilo (e aquele) que realmente fizer por merecer, for para ser. Uma relação justa, eu diria.

Hoje, solteira, agradeço a Santo Antônio pela graça alcançada.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Frio na barriga

Me perguntaram pelo menos mil vezes: "você está com frio na barriga?". E a resposta invariavelmente era não, não estava. E não sei porque, parecia que não era real, não era comigo, não iria acontecer, porque algo na última hora me desviaria do caminho. Mas nada disso aconteceu, e eu cheguei.

Cheguei onde queria, do jeito que queria, mas o frio na barriga não veio. Foi perfeitamente normal, como se fizesse parte da minha vida, aliás, como se nunca tivesse saído da minha rotina. Eu sabia exatamente onde ir e o que fazer. Não houve confusão, não houve espera. Nem houve o grande reencontro de mim com meu passado. Foi tudo perfeitamente monótono.

Rótulos, canais, rostos e faces. Todos os mesmos. Mas mais bonitos.

Moedas, canais, tecnologias. Todas as mesmas. Mas mais acessíveis.

Idiomas, sotaques, vozes. Todos os mesmos. Mas (desta vez) compreensíveis.

Lembranças. Todas diferentes.

Um ar de nostalgia em cada passo, que tento esconder com um sorriso que prendo no canto da boca.

As mãos continuam no bolso. Os fones de ouvido continuam presentes, o vento bate forte nas pernas à mostra, insistentemente à mostra. Os óculos escuros mostram um novo momento, emolduram uma outra beleza que contempla a mesma paisagem.

Então, no momento perfeito, o frio na barriga veio e me deixou por cerca de 15 minutos paralisada na sacada do apartamento, contemplando esta paisagem. Perdida em pensamentos e expectativas me deixei levar pelo frio na barriga.

Será então minha rotina por estes 30 dias, acordar e visitar a sacada, para reviver o frio na barriga.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Delete

Um turbilhão de pensamentos na cabeça. O peito explodindo, mas não consigo expressar em palavras o que sinto. Não porque me as faltam, pelo contrário, SOBRAM. Falo demais, escrevo demais, esta é a lógica. Toda vez que começo um parágrafo, me sinto num divã e desabafo coisas que a internet não suporta. Este não é um diário que está debaixo da cama, infelizmente nem tudo pode ser escrito e publicado. Mas escrever ainda me alivia muito, portanto, nada substitui a tecla “delete” do meu companheiríssimo teclado. Ah se ele falasse tudo que traduz em seu magnifico código binário...