segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Desce daí!

Existem pessoas na vida que não aceitam desabafos, momentos de fraqueza, sensibilidade ou carência. Estas pessoas se acham as mais fortes, e, num paradoxo, as que têm os maiores problemas. O salário é menor, a vida é mais difícil, o relacionamento é mais complicado, o trabalho é mais árduo. Pra estas pessoas, nossos problemas são medíocres.

Algumas dessas pessoas chamamos de amigos. E a amizade não acaba por esta característica. Mas ela afasta. Afasta porque a frustração cicatriza e deixa marca. É muito bom, sem igual, ter um amigo para dividir a vida, rir e passar os melhores momentos. Mas é igualmente necessário que estes amigos saibam posicionar-se nos momentos menos desejáveis. Saber ouvir é uma arte, falar a coisa certa, uma dádiva que nem todos tem.

Este patamar que criamos, dividindo nossos amigos e colocando-os em níveis canônicos, é falho e chama-se expectativa. E quanto maior a expectiva, já sabemos... maior a frustração.

E às vezes é nos degraus mais baixos onde encontramos o apoio pra poder sentar e falar da vida, dividir, ouvir, ser ouvido, ou simplesmente ficar em silêncio, lado a lado.

E é nos degraus mais baixos onde encontramos os mais sábios, as almas mais pacíficas e os menos revoltados.

Quero amigos daqui de baixo, onde olho de igual pra igual, mesmo sabendo que, se quisesse, olharia de cima, mas que minha expectativa acaba mantendo-os lá em cima. Quero amgios que desçam quando preciso, ou que subam comigo, mas que caminhem na escada da hierarquia da amizade.

Sempre bom encontra-los onde e quando menos se espera!