quinta-feira, 10 de abril de 2014

Cláusula

Esperamos demais.

Esperamos demais dos amigos, do marido, do trabalho, do cachorro, de nós mesmos.

Cheguei num ponto tão crítico que uma decisão fez toda a diferença: no momento que eu parei de esperar demais de mim mesma, parei de esperar mais do mundo.

Não me importo mais. Não me importo mais se eu vou ou não à tal festa, tal evento, não me importo mais se agrado ou desagrado, sequer me importo mais em tentar ser melhor. Minhas expectativas baixaram muito, e minhas frustrações são muito mais senis.

Com isso, me lixo com muitas coisas que eram meu maior pesadelo. Não foi ao meu aniversário? Poxa... Não tem tempo pra me encontrar? Poutz... Não me convidou para isso ou aquilo? :(

Isso, infelizmente não se chama maturidade, mas calo. Calos de uma alma que sofreu muito por esperar dos outros aquilo que cedia ao mundo. Dando menos, espero menos, me importo menos. Eba, me machuco menos!

Isso tem refletido não só nos meus relacionamentos – mais estáveis – como no trabalho. Sempre me dou, visto a tal da camisa, esbravejo pelo mundo corporativo perfeito.  O último ano e todos os calos conquistados me fizeram ser mais racional e muito menos coração. Já “amei” uma pessoa jurídica, mas hoje me dou nem demais nem “de menos”. Faço meu trabalho. Claro, motivação sempre funciona, ter a tal da cenoura e blábláblá. Mas não. Não quero me envolver demais. Ser passional no ambiente trabalho causa males severos à saúde. Já causaram, hoje me blindo.

Sim, tudo é precaução. Mas a partir do momento que meu trabalho virou apenas meu ganha-pão e não mais o centro da minha vida, ganhei um tal de “bem-estar”. Consigo curtir melhor minha família (cachorro, gato e marido são família), consigo descansar, dormir sem sonhar com trabalho. Sim, posso não galgar nenhum cargo de über confiança. Talvez seja porque este cargo não é meu, porque meu coração saiu dele. E enquanto meu coração não está na mesa de trabalho, minha cabeça estará lá apenas pelas horas limitadas pela lei. Da França.


Sem pedir demais, sem me dar demais. Apenas uma nova cláusula no meu contrato comigo mesma para ser feliz e sorrir por menos.