sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Mais um carnaval


Em vez de contar primaveras, por uma curta fase da vida contei carnavais.

Tive um namorado que dizia amar o carnaval, pois havia nascido no carnaval. Não me lembro de um baile de carnaval com ele. Outro, que também nasceu no carnaval, não era brasileiro. Quando assumi a solteirice, levei a sério este lance de amar o carnaval. E então conheci o verdadeiro carnaval brasileiro. Curti p.r.a.c.a.ra.l.h.o, mais do que minhas próprias pernas podiam aguentar, durante dois ou três anos. E então, o que nunca imaginei, me apaixonei por alguém que não compartilhava a devoção pelo carnaval. No primeiro ano, conseguimos equilibrar e conciliar. Um bloco aqui, outro acolá, um Rio de Janeiro aqui, um você fica até a quarta de cinzas que eu volto pra SP acolá, e a realidade aconteceu. No próximo ano, entre as viagens de trabalho dele e o Strawberry Fields Forever, curti o bloco sozinha, mas de aliança no dedo. Na semana seguinte, carnaval na neve, comprada  - e muito bem comprada – fui para NY fazer um esquindô a dois.

Este ano me vejo novamente em um relacionamento sério com o carnaval, mas vejo como nossa relação amadureceu. Ou endureceu. Ou envaideceu. Não sei... Os blocos ainda envolvem, colocam sorriso no meu rosto. Mas falta paciência, pegada, timing – este timing sim eu perdi. Me vi já no pré-carnaval julgando, olhando torto, cheia de não me toques e não me beijes. Me senti velha, pela primeiríssima vez na vida. Contemplativa, estou querendo entender a relação carnaval X juventude.


E no auge dos meus trinta e poucos tão vividos, tenho ainda uma semana de pré-carnaval para (me) entender e me entregar.