quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

As mulheres da geração Y

Muito se fala dos jovens dessa tal geração Y. Aliás, muito de fala da diferenciação das gerações - pós-guerra (gosto tanto dos baby-boomers, estes sim têm história pra contar), revolução sexual, era da tecnologia. Eu, pessoalmente, me defino como da geração XYZ. A geração que não sabe o que é nem o que quer.

E consegui finalmente me definir, sem medo, numa conversa de portão, literalmente num portão, quando tentava consolar uma amiga, que se cobrava por não ter feito nada da vida no auge dos seus trinta e tão poucos anos. Ela não viajou o mundo, não comprou apartamento, não é vice-presidente da empresa, não casou e não tem filhos. Ela tinha que ter todos estes itens feitos até os trinta, mas não tinha nenhum.

Assim como todas as minhas outras amigas. TODAS. Pra bem dizer a verdade poucas delas cumpriram ou um ou outro item. E por que não todos? Falta de planejamento? Não, não, falta de vida mesmo. 

Porque somos de uma geração "gap" de prioridades. Criadas por mãe exemplares, muitas vezes em jornada dupla, que nos criaram para ser livres, independentes e decididas. Porém nos deram bases tradicionais familiares: casamento, filhos, família, domingo de folga, férias em Ubatuba. Numa sociedade onde homem e mulher já tem praticamente o mesmo espaço no mercado de trabalho (a não ser que você amiga queira ser astronauta ou funileira)  as mulheres muitas vezes focam a carreira. Carreira esta onde, para se diferenciar, ter idiomas e vivência no exterior faz toda a diferença, além de formação e pós-graduação. E mestrado.

Ou seja, pra fechar esta conta de em 10 anos surpreender a sociedade com todo este currículo acima e ainda ter 2 ou 3 filhos, metaanfetamina. Porque tem Cristo que consiga conciliar tanta geração em uma só mulher?

"Mãe, eu sou uma só", você dizia já na adolescência quando tinha que estudar e arrumar o quarto. 

Quando eu me defini, desacelerei. Filhos vêm quando têm que vir. Carreira decola quando fazemos o que realmente amamos. As viagens acontecem quando nos abrimos para a vida. Tudo na sua hora, no seu tempo. Seu cobranças, sem timing - não, você não perdeu seu timing - e principalmente, sem pressão. Não é porque o número é "30 e" que a vida está perdida.

Ela está só começando pra quem é como eu, uma XYZ. E para as minhas amigas. TODAS.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Pessoas da Augusta


Confesso que tenho um pouco de preguiça destas pessoas. Pessoas cultas, que vão ao cinema por interesse cultural, que vão a cafés com livros, que suas baladas são em ambientes alternativos do baixo Augusta. Pessoas que te julgam o tempo todo pela sua falta de interesse por política sócio-econômica, que moram em apartamentos ou muito grandes ou absurdamente pequenos no centro sujo de São Paulo. Pessoas que se vestem de maneira "única", que expressam sua opinião através de ações e reações. O.Tempo.Todo.

Muita preguiça de discutir, de mostrar meu ponto de vista - afinal que mal há num combo Mc + Cinemark + Pipoca transgênica? - ou de defender meus ideais particulares.

Poxa, eu também sou SUPER alternativa. Se juntarmos uns retalhos da minha personalidade, sou mais cult que muito pseudo-barbado-tatuado que usa allstar surrado e ainda "cola" na DJ todo santo sábado. Mas porque eu curto sertanejo perdi minha moral em escutar rock. Porque eu jogo CandyCrush (FarmHeroes e CandySoda) eu sou superficial e perco preciosas horas de leitura Nietzsche. Porque eu amo salto alto me olham de maneira duvidosa quando estou confortável no meu allstar amarelo. Porque eu uso lentes de contato para meus 6 graus de miopia all day long eu não posso usar óculos quadrados que me garantam o título de alternativa.

Preguiça disso tudo, de títulos, rótulos e estilos.

Muita preguiça disso tudo.