quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Vida de casada


Foi ontem que eu ouvi a pergunta, ontem que pensei na resposta. Desde o sim não fui em mais nenhuma “balada”. O hobby agora é cozinhar para os amigos nos finais de semana. Pedir pizza, tomar cerveja e ver filme no sofá que abraça. E foi quando, com o comentário recebido – “as coisas mudam né?!” – percebi que sim, as coisas mudam.

Mas acho que eu não mudei. Acho que no fim, na Catarina que utilizava como invólucro já havia uma Amélia, nada adormecida, querendo mostrar as garras – de unhas vermelhas, já que o período de unhas quebradas pela reforma do apartamento foi oficialmente encerrado – e cuidar. Apenas cuidar.

Nenhuma falta das baladas. Talvez o fato de ter conhecido o marido como Catarina, talvez o fato da naturalidade com que tudo aconteceu e, principalmente, pelo fato de saber que, se eu quiser, sábado à noite posso estar em qualquer uma destas pistas, sozinha ou acompanhada dele. Saber que a liberdade e a confiança é a constante da nossa relação faz com que eu prefira a calma do sofá que abraça, a alegria do quadro de cerveja da sala de jantar ou a paisagem pastel e blasé do painel na cabeceira da cama.

E foi hoje que acordei 15 minutos mais cedo para passar a camisa social dele. Eu, logo eu, que nem pra tomar café da manhã em casa me retiro da cama nem um minuto antes das 6 sonecas do galo digital. Eu, logo eu, que nem jantava, preparo zelosamente um jantar temperado e harmonizado, com vinho ou cerveja. Eu, logo eu que não me sentava à mesa, hoje como no modo “saladinha saladinha”, como costumava dizer de refeições almofadinhas feitas à mesa.

Ser quem eu quero e quando quero. Esta é minha vida de casada.