sexta-feira, 2 de março de 2012

Falemos da chuva


As águas de março... sábia Elis que gostava da chuva.

É sabido que eu adoro a chuva. O cheiro da chuva, a cor do céu, o peso das nuvens, o barulho torrencial. Gosto de assistir o baile das gotas nas poças, as bolinhas que estouram, a cadência  que o vento embala. Chuva é poética. Chuva embala os pensamentos, leva pra longe.

Hoje eu assisto a chuva de camarote, de maneira clássica, com uma caneca de café gostoso e fresquinho, recostada na janela da minha sala. Sem intervenções, sem reuniões, sem problemas pessoais ou de trabalho. Vejo um pedacinho do céu que mostra o azul do calor do dia. Vejo o termômetro da rua com a temperatura caindo, grau a grau, o clima refrescando. O sol saindo entre algumas nuvens douradas e outras pretinhas, pretinhas. Ainda é verão!

Mesmo com o sol, a chuva cai há cerca de 30 minutos. Não tão forte quanto eu gosto, forte a ponto de me parafrasear com “a água que corria na rua quase levava as sapatilhas dos meus pés, e aquela sensação tomou meu corpo”. Está tranquila, discreta, querendo dizer: vim para confortar.

Confortar o calor do termômetro.

Confortar o calor do meu coração.

Confortar o turbilhão dos meus pensamentos.

A chuva sabe que, com ela, ela traz uma mensagem. E ela diz, na cadência das bolinhas que estouram no chão, que assim como o temporal passa, suas águas fecham não só uma estação, mas um ciclo.

E eu suspiro e me recosto novamente, esperando o sol brilhar mais forte.