quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Porque o mundo apenas começou...


A certeza que o mundo acabaria era tanta que eu resolvi viver muito. E minha boca, santa, me acompanhou.

Comecei o ano, ingenuamente, com 2 únicos propósitos: em 2012 eu passaria o carnaval em Salvador e teria um filho. Mas eu sabia que este cronograma era falho, uma data acumulava na outra, então priorizei Salvador, claro, como uma boa solteira convicta. E foi lá que eu disse, entre três copos de uísque com energético cheios em apenas duas mãos, que aquele era meu último carnaval solteira. Foi em fevereiro... boca santa:

Em março, mais precisamente no St. Patricks Day, eu conheci o Rafa.
Em abril começamos a namorar.
Em maio já rolou um teste de gravidez.
Em junho eu fui zerar na Europa.
Em julho eu fui madrinha de um casamento especial e me inspirei.
Em agosto ficamos noivos.
Em setembro batemos o martelo na decisão de ir para a Austrália.
Em outubro nos casamos.
Em novembro montamos nosso apê.
Em dezembro o mundo não acabou...

E, nas entrelinhas, o Corinthians foi campeão da Libertadores e do Mundial, uma melhor amiga casou, a outra ficou noiva, uma outra me mostrou o peso da realidade da vida, mais um câncer foi curado, aprendi como é gostoso viajar acompanhada, fui ao topo dos Andes, revisitei Buenos Aires, enfim conheci a Grécia, engordei, emagreci, bebi até passar mal e fui carregada para o hospital mais de uma vez, minha despedida de solteira foi digna de “Se beber não case”, aprendi a viver sem carro (mentira, odeio isso mas sigo em frente), fiz mais alguns amigos muito especiais, descobri o que é ser uma Bridezilla e, mais importante de tudo, dei o passo mais importante da vida, e este passo foi dado junto com outro pé torto.

A vida agora é outra, responsabilidades diferentes, uma rotina avassaladoramente diferente. Trocar o sábado de balada pelo sofá com sorriso no rosto, fazer o jantar, decorar, arrumar, se arrumar. Tudo novo e de novo, com amor e maturidade. E que o ano que vem aí já comece com a mesma intensidade de 2012. Quero boas notícias, sorte, dinheiro, sorrisos, viagens e realizações. Quero não, preciso. Precisamos. Porque agora somos dois em um.

E como todo ano, um novo cronograma se inicia... 

Happy New Year, Aussie!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Vida de casada


Foi ontem que eu ouvi a pergunta, ontem que pensei na resposta. Desde o sim não fui em mais nenhuma “balada”. O hobby agora é cozinhar para os amigos nos finais de semana. Pedir pizza, tomar cerveja e ver filme no sofá que abraça. E foi quando, com o comentário recebido – “as coisas mudam né?!” – percebi que sim, as coisas mudam.

Mas acho que eu não mudei. Acho que no fim, na Catarina que utilizava como invólucro já havia uma Amélia, nada adormecida, querendo mostrar as garras – de unhas vermelhas, já que o período de unhas quebradas pela reforma do apartamento foi oficialmente encerrado – e cuidar. Apenas cuidar.

Nenhuma falta das baladas. Talvez o fato de ter conhecido o marido como Catarina, talvez o fato da naturalidade com que tudo aconteceu e, principalmente, pelo fato de saber que, se eu quiser, sábado à noite posso estar em qualquer uma destas pistas, sozinha ou acompanhada dele. Saber que a liberdade e a confiança é a constante da nossa relação faz com que eu prefira a calma do sofá que abraça, a alegria do quadro de cerveja da sala de jantar ou a paisagem pastel e blasé do painel na cabeceira da cama.

E foi hoje que acordei 15 minutos mais cedo para passar a camisa social dele. Eu, logo eu, que nem pra tomar café da manhã em casa me retiro da cama nem um minuto antes das 6 sonecas do galo digital. Eu, logo eu, que nem jantava, preparo zelosamente um jantar temperado e harmonizado, com vinho ou cerveja. Eu, logo eu que não me sentava à mesa, hoje como no modo “saladinha saladinha”, como costumava dizer de refeições almofadinhas feitas à mesa.

Ser quem eu quero e quando quero. Esta é minha vida de casada.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Desce daí!

Existem pessoas na vida que não aceitam desabafos, momentos de fraqueza, sensibilidade ou carência. Estas pessoas se acham as mais fortes, e, num paradoxo, as que têm os maiores problemas. O salário é menor, a vida é mais difícil, o relacionamento é mais complicado, o trabalho é mais árduo. Pra estas pessoas, nossos problemas são medíocres.

Algumas dessas pessoas chamamos de amigos. E a amizade não acaba por esta característica. Mas ela afasta. Afasta porque a frustração cicatriza e deixa marca. É muito bom, sem igual, ter um amigo para dividir a vida, rir e passar os melhores momentos. Mas é igualmente necessário que estes amigos saibam posicionar-se nos momentos menos desejáveis. Saber ouvir é uma arte, falar a coisa certa, uma dádiva que nem todos tem.

Este patamar que criamos, dividindo nossos amigos e colocando-os em níveis canônicos, é falho e chama-se expectativa. E quanto maior a expectiva, já sabemos... maior a frustração.

E às vezes é nos degraus mais baixos onde encontramos o apoio pra poder sentar e falar da vida, dividir, ouvir, ser ouvido, ou simplesmente ficar em silêncio, lado a lado.

E é nos degraus mais baixos onde encontramos os mais sábios, as almas mais pacíficas e os menos revoltados.

Quero amigos daqui de baixo, onde olho de igual pra igual, mesmo sabendo que, se quisesse, olharia de cima, mas que minha expectativa acaba mantendo-os lá em cima. Quero amgios que desçam quando preciso, ou que subam comigo, mas que caminhem na escada da hierarquia da amizade.

Sempre bom encontra-los onde e quando menos se espera!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Entre-carnavais

A vida e sua caixinha de surpresas.

Vê-se que quando me calo, estou fazendo algo absolutamente inadiável: vivendo a realidade. E esta realidade surpreende a cada dia.

Mas às vezes me vem o ímpeto de escrever. E eu nem sei por onde começar...

Tenho medo da minha boca. E da velocidade da mudança do curso da minha vida.

Ano passado eu disse, com veemência, que passaria o carnaval de 2012 em Salvador. Porque aquele seria meu último carnaval solteira e eu queria fechar esta fase com chave de ouro. Aliás, eu sequer namorava, tinha apenas uma cisma que hoje eu já nem sei explicar o que era (ah o tempo).

O carnaval veio, passou - como um trio elétrico por cima de mim - e a vida seguiu seu curso. Nada em vista, e de repente, sem esperar nem planejar, o amor chegou. Durante meses eu continuei com os planos do próximo carnaval, mas ele, o amor, mudou tudo...

Quando eu disse que era o último carnaval solteira, nunca imaginei que no próximo eu estaria casada. Muito menos sem carnaval, longe do carnaval. Mas nunca se sabe. Até lá, o curso da vida pode mudar radicalmente. de novo.

Até porque há quem lembre bem meu comentário de carnaval, com 3 copos de uísque na mão e um salto abandonado, num fim de noite no camarote em Salvador...Nunca se sabe!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Dia do Cafezinho


Eu tenho muitas formas de dar presente. Eu gosto disso.

Eu gosto de todo o processo do presente. Da dúvida, das ideias, de pensar se a pessoa vai gostar, o que vai achar, se vai ficar feliz. Gosto de ver a reação.


Mas, mais que tudo, eu gosto de colocar todo meu sentimento no presente, que por mais que seja uma fita, tem que ter tido meu toque, meu jeito, meu modo de cuidar das coisas. Porque o significado do presente, é este: cuidar. É manter um laço, um contato. E é uma forma singela – ou não – de dizer “muito obrigada por fazer parte da minha vida”.

Eu gosto de viajar, de inovar, ir além. Não é uma foto, um porta-retrato... é uma história, um momento, um sonho por trás, uma fase da vida que não volta mais. Não é um buquê de flores, são cheiros daquele tempo, são cores, cartão, a letra de mão, o vaso que cultiva um laço materno, um amor, uma amizade ou apenas uma felicitação. Não é um CD, é uma música por trás de um momento que marcou a minha vida e você estava lá, dividindo isso comigo. É isso que eu faço quando tenho todo o processo da criação de um presente. Eu divido meu amor, ou quaisquer que sejam os sentimentos envolvidos.

Hoje é mais um daqueles dias especiais que me fazem vir até aqui colocar em palavras o que eu já nem acho que precisa ser dito, que me fazem ter mil ideias de presentes. É o dia internacional do cafezinho! O dia do aniversário da leitora mais especial, comemorado desde o T-minus 1 até que o signo vire.

Só quero que, ao ter seu cafezinho de hoje, saiba que ele foi feito para a melhor amiga, cunhada, madrinha, pai, namorada (do Ali), confidente, advogada, companhia de corridas, viagens, caronas, festas, chats e qualquer coisa que apareça por aí.

Quando mais nova, eu a chamava de mentira... porque mentira tem perna curta, e essa pessoinha em cima de seus 1.54m de altura – que hoje significa o mundo pra mim – tinha raiva de seu tamanho.

Hoje ela tem 100 sapatos de salto alto que resolveram este problema.

E que me ensinam dia após dia a resolver as coisas da vida assim, de forma tão simples, entre exemplos e teorias!

Ass.: Eternamente Jorjão!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Na hora certa


Escrever é terapia. Me tira do corpo as palavras que gostaria de poder gritar, jogar na cara de alguns. Ou jogar ao vento em fases de felicidade plena.

Os gaps nesta terapia mostra que a engrenagem da minha vida está fluindo como um relógio suíço.

E foi quase ontem que eu percebi, coincidentemente, que o ponteiro menor do meu relógio suíço está desajustado. A hora está certa, mas seu ponteiro se desalinha, então tenho que me basear pelos minutos – e pela posição do sol, como nos velhos tempos.

E se basear numa prática dos velhos tempos não tem me feito bem, então tirei o relógio do pulso. Um relógio dourado, vistoso, bonito, polido. Uma engrenagem perfeita, mas com uma incoerência na hora certa. Fazia do meu pulso cansado, adornado mas vazio, com medo de confiar na hora presumida pelo relógio.

Não sei mais a hora. Não sei se estou atrasada ou adiantada.

Eu não quero saber se meus minutos conferem, porque o dia, no fim da contas, é baseado em horas, e em horas certas.

Quando é a hora certa?

De se entregar, de acreditar, de esquecer, de levantar. Eu não sabia tudo que se passava em mim até que um simples dispositivo foi acionado: o cronômetro. Eu tive 60 segundos para acertar uma resposta, mas não tinha noção do tamanho da cicatriz que eu tinha no peito, bem ali, onde fica a confiança. Não sabia a superficialidade daquilo que eu jurava ser o melhor momento da minha vida. Não me lembrava como era acreditar. Ainda não me lembro como é acreditar. Só lembro do medo de me perder entre os ponteiros.

E olha só... não é que estou insegura em saber se estou uma hora atrasada ou adiantada. Meu medo é perder minha noção da pontualidade. É de começar a viver pelos ponteiros dos minutos, vivendo apenas aquele ciclo perfeito do presente, e fechando meus olhos, ficar cega ao menor ponteiro, de maneira que mesmo que eu troque de relógio, o hábito me cegue e eu não viva mais as horas certas da vida. Viver em função do relógio sem ao menos olhá-lo por completo.

Hoje ando de pulso nu. De alma nua, de coração aberto. Estou aprendendo a confiar na informação alheia.

Que horas são?

sexta-feira, 2 de março de 2012

Falemos da chuva


As águas de março... sábia Elis que gostava da chuva.

É sabido que eu adoro a chuva. O cheiro da chuva, a cor do céu, o peso das nuvens, o barulho torrencial. Gosto de assistir o baile das gotas nas poças, as bolinhas que estouram, a cadência  que o vento embala. Chuva é poética. Chuva embala os pensamentos, leva pra longe.

Hoje eu assisto a chuva de camarote, de maneira clássica, com uma caneca de café gostoso e fresquinho, recostada na janela da minha sala. Sem intervenções, sem reuniões, sem problemas pessoais ou de trabalho. Vejo um pedacinho do céu que mostra o azul do calor do dia. Vejo o termômetro da rua com a temperatura caindo, grau a grau, o clima refrescando. O sol saindo entre algumas nuvens douradas e outras pretinhas, pretinhas. Ainda é verão!

Mesmo com o sol, a chuva cai há cerca de 30 minutos. Não tão forte quanto eu gosto, forte a ponto de me parafrasear com “a água que corria na rua quase levava as sapatilhas dos meus pés, e aquela sensação tomou meu corpo”. Está tranquila, discreta, querendo dizer: vim para confortar.

Confortar o calor do termômetro.

Confortar o calor do meu coração.

Confortar o turbilhão dos meus pensamentos.

A chuva sabe que, com ela, ela traz uma mensagem. E ela diz, na cadência das bolinhas que estouram no chão, que assim como o temporal passa, suas águas fecham não só uma estação, mas um ciclo.

E eu suspiro e me recosto novamente, esperando o sol brilhar mais forte.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ressaca


E não falo de ressaca de álcool. Aquela, que não interessa quão forte seja, não te faz parar de beber. No máximo, você aprende que um copo d'agua entre os drinks de whisky e energético tiram pelo menos a dor de cabeça do dia seguinte.

Não falo da ressaca do mar, que limita a faixa de areia a menos de meio metro em uma praia paradisíaca, fazendo com que a profunda conversa entre recentes amigos no por-do-sol seja constantemente interrompida pela busca das havaianas flutuantes.

Ressaca moral, de comportamentos duvidosos de alter-egos criados para tal. Catarina tem se comportado muito melhor do que eu esperava.

Ressaca emocional, de agir como uma criança que lhe roubam o doce mais divertido e colorido no meio de um parque de diversões - leia-se chorar inconsoladamente numa das melhores festas, e mais caras.

Ressaca física, de dançar de salto, até o chão, no palco, em cima da mesa. Correr por aí, em festas, shows e festivais, subir nos ombros, carregar nos ombros, rir de doer a barriga.

Falo da ressaca de vida.

Porque viver cansa. Viver intensamente, aproveitar todas as oportunidades, se entregar à diversão sem limites e curtir como se não houvesse amanhã... tudo isso cansa demais. Mas como qualquer ressaca, nada impede de fazer tudo de novo.

Fui guerreira com estilo. Foram 6 dias de festa, em trios elétricos, camarotes, abadás, arrastão, tênis sujo de barro, vontade de fazer xixi, cerveja mais barata do que água, amigos e mais amigos taxistas, fitas de Senhor do Bonfim, flores, tranças, frases e refrões, e suor, muito suor. Foram os dias mais esperados, um sonho de adolescente realizado, estar na casa daqueles que embalaram trios, micaretas, festas de faculdade, churrascos sem carne. E melhor, reunir tantos amigos diferentes em uma mesma viagem. 

Ressaca de vida, de alegria, de realização, de felicidade. Ressaca de acompanhar as voltas que a vida dá.

Esta ressaca que não passa, e que nem eu quero que passe. Tão cedo.

Digo que valeu!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ao fulano, e sem mais.

Às vezes, precisamos desabafar, seja com o cachorro ou gato, no colo da mãe, do namorado ou da melhor amiga, ou seja apenas escrevendo, traduzindo o som do “tectec” do teclado por toda uma mágoa, desespero ou apenas uma dúvida ressentida. Às vezes é segredo, às vezes uma indireta, às vezes uma carta endereçada. Por isso, desabafos com nome e sobrenome, facebook e twitter não devem ser divulgados. Ou não deveriam. Mas quem tá aqui, quem lê, quem digita aquele endereço ali na barra do navegador, tem de alguma forma algum interesse na minha vida, então quer saber.

E quer saber?

Blah. Página virada, sim, move on. Gostava pracaralho, mas... paciência. Passou muito tempo e se eu fosse de fato importante na vida de fulano, isso já teria passado. Queria só um desfecho, e tivemos. Quando eu me abri, me mostrei e tentei de novo uma aproximação, sabia que existia a possibilidade do sim e do não.

Sério, se é importante pra fulano, que viva em sua insignificância! Eu não tenho máscaras, não me escondo em palavras, feias ou bonitas. Se me incomoda eu falo, escrevo, mando email, choro, mostro todas minhas armas e falhas. E se necessário, peço desculpas pra quem é importante pra mim.

Durante todo este tempo, me remoía em pensar que, pela primeira vez eu teria decepcionado um amigo, que é a coisa mais importante que eu tenho na vida. O que eu sentia era remorso. Hoje eu sinto pena. Porque fulano escolheu isso, escolheu se fechar e se afastar, viver no amargor e achar que é feliz na jaula de sentimentos onde vive.
Então, eu não tenho mais nada a fazer. Eu fui até onde deu. E minha consciência está leve, não posso me culpar por algo que eu sequer sei o que é. E me livro desta culpa sem qualquer pudor, porque eu quis melhorar, quis saber o que fiz ou não fiz, quis ser importante assim como fulano foi pra mim. Mas fulano tem suas próprias escolhas, e cada escolha uma renúncia.

Amigos vem e, infelizmente, vão. Faz parte da vida, e cabe a nós deixar nossa marca em cada um. Cabe a nós fazer desta marca uma coisa boa, mas isso depende da receptividade, da recíproca. E não queira me disciplinar, não queira ser melhor que eu em palavras. Seja em atitudes. Quem quer ser o professor da vida tem que ter didática. Aluno nenhum aprende com achismos, com conclusões próprias ou análises de consciência. Até porque, cada um tem o seu padrão de certo e errado, seu senso e seus próprios limites e limitações. Cabe aos relativos, àqueles que se importam e estão por perto, instruir e equilibrar este senso próprio com o senso comum.

E, quer saber... fulano foi importante sim, mas tinha sombra demais. Tinha preto demais, tinha mágoa demais. Eu aprendi com sua excelente convivência – porque eu sou o copo meio cheio – a ser menino, mas não quis deixar de ser menina. Aprendi a ser over, mas não quis deixar ter meu brilho. E principalmente aprendi a respeitar a diferença entre as pessoas. Por isso fulano, vá com Deus, segue teu caminho com sua felicidade única. E quem sabe um dia então, e sem crédito nenhum, só então, você enxergue que a vida tem muito mais cor que sua esmera caixa de 12 cores.

Ah, e fulano, se estas palavras algum dia passaram por seus olhos, quem dá o conselho final agora sou eu: quem desdenha quer comprar. Talvez minha marca na sua vida seja mais forte do você mesmo pode admitir.

E esta soberba em minhas palavras, obrigada, você me ensinou, levo para vida. 

domingo, 22 de janeiro de 2012

Paulista enquanto ciclista


Desde a que a Juliana entrou na minha vida, virei uma fã de São Paulo. Em tempo, Juliana é minha bike (e as coisas têm nomes na minha vida), uma nova paixão que surgiu recentemente e que por enquanto só nos encontramos em escassos domingos.

Eu confesso: nunca fui de fato apaixonada por São Paulo. Aquele sentimento forte de paulista, morar na Móoca, adorar o centro da cidade. Eu na mais absoluta sinceridade acho que esta cidade vai sofrer um colapso em pouco tempo, acho o centro cultural de São Paulo sujo e perigoso e sei que não posso contar com o transporte público daqui.

Em contrapartida, eu tenho um sotaque paulista forte e carregado, falo "meu" e "porra" de maneira nasalada em todas as sentenças, não consigo ficar em qualquer lugar que não tenha comércio e trânsito 24 horas por dia e adoraria comer pastel de feira todo sábado - embora minha úlcera já cicatrizada não me permita.

Já morei fora, conheci o organizado caos londrino e de outras cidades européias, sei da selva fantástica que é Nova York e até o Rio de Janeiro já me fez pulsar o coração, ainda que a ideia de morar em ambiente praiano sempre me fizera pensar que todo dia seria domingo.

Mas tem um momento que me faz pensar o contrário, que me faz querer ser paulista: quando Juliana e eu corremos pela Ciclofaixa de São Paulo. É o único momento em que me pego admirando a cidade, a simpatia de todos os organizadores de semáforos da ciclofaixa, a civilidade dos ciclistas, o respeito dos motoristas. O verde dos meios-fios, o sentimento de ser saudável, o escasso trânsito, o techno tocando no ipod, que embala cada pedalada. A entrada do parque do Ibirapuera, o lugar que minha mente para pra respirar e meus pensamentos me dão um breve descanso. É o momento em que penso como seria se minha cidade - amada - tivesse aquele grau de trânsito todos os dias, como seria se uma estação de metrô fosse minha vizinha, numa linha mesmo que com baldeações para aquela que seria vizinha do meu trabalho, ou como seria até se eu pudesse ir trabalhar de bike. Novamente, em tempo: meu caminho casa-trabalho é feito pela avenida dos bandeirantes, marginal pinheiros e outras vias carregadas.

Mas naquele momento, enquanto a "Ju" não murchou o pneu, enquanto sua marcha ainda não saiu do lugar ou enquanto o selim não está me matando aos poucos entre as pernas (ainda tenho algumas providências e aprendizados na vida de ciclista domingueira), naquele momento, eu tenho orgulho de São Paulo. E não pretendo sair daqui enquanto a ciclofaixa fizer parte dos meus domingos, o Parque do Povo fizer parte dos meus fins de tarde e de corrida e o Parque do Ibirapuera for meu terapeuta de abraços e bosques abertos.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Presentes de 2011

O primeiro dia do ano passado foi marcado pela maior ressaca moral da vida, por um grande buraco que eu mesma fiz no meu estômago. Foi um dia primeiro de um vazio sem explicação, que por mais que eu queira justificar a gravidade, não consigo. Talvez a intensidade de um sentimento tenha marcado um ano de grandes feitos. Eu prometi naquele dia que meu ano seria MEU ano. Que eu me divertiria como se não houvesse amanhã, que eu seria feliz e me dei 3 grandes objetivos. E pela primeira vez eu encho o peito e posso dizer que concluí os três grandes objetivos do ano. Entre erros e acertos, tropeços mas com minha graça eu venci. A sensação do dever cumprido é algo inebriante.

2011 era um ano 11, e com toda minha ladainha numerológica, eu fiz por onde. A viagem de volta à Londres, rever os amigos, viajar para o desconhecido novamente, reviver as melhores sensações, e poder fazer tudo sem me preocupar com a vida, apenas curtir, viajar, sorrir. Caminhar e conhecer, fazer amigos, viajar sozinha, comprar, comer... e todos os verbos que eu quis. Resolver pendências financeiras, físicas e emocionais. Me empenhar e crescer na carreira, me focar e sentir que eu de fato gosto do que faço. Fazer uma festa. Uma festa não, a melhor e maior festa de todos os anos, a sexta-feira onze do onze do onze, a festa rosa, os melhores amigos todos juntos. O bolo, a champagne, o momento mais esperado no relógio do cantinho inferior da tela do computador. Entrar no mundo da cerveja, e me apaixonar.

Eu sempre sou nostálgica no final do ano. Acho até que é um tanto normal este comportamento, afinal é o momento que a gente avalia todo o ano, as perdas e os ganhos, os objetivos e os obstáculos, se as resoluções do ano anterior foram concluídas... enfim, o balanço anual de nossas vidas. Eu sempre escrevo agradecendo no final do ano, sou uma otimista de carteirinha e acho que a cada ano que passa minha vida melhora de formas que no primeiro dia do ano eu nunca nem imagino. Mas este ano foi diferente. Desta vez eu esperei viver todos os dias para escrever. Esperei todos os momentos. Sinceramente falando, eu nunca vivi tão intensamente a ponto de deixar de lado a paixão de escrever sobre a vida para de fato vive-la.

Eu esperei a virada, esperei todos os brindes, todas as promessas porque eu queria que este agradecimento fosse especial. Eu vou replicar o brinde que eu fiz no momento da ceia de Ano Novo mais bonita que tive na vida. Eu entendi tudo, eu entendi que a vida é mais que aquela caixinha de surpresas. Eu sei que às vezes eu acho que sei tudo ou que entendo de tudo, mas dessa vez tudo fez sentido. Naquele momento, naquele brinde ao redor da mesa mais bonita tudo fez mais sentido e eu me senti quase que completa.

Numa madrugada o termo nasceu: “Aqui é Equipe”. Em um carnaval, um furto que hoje eu acho providencial aproximou uma garota perdida no Rio de Janeiro com um grupo de meninos sem igual. Em uma coincidência que hoje eu assumo premeditada, um resgate ocorreu. Em outro momento, uma festa de aniversário onde dois núcleos se uniram. Algum tempo depois, por uma série de eventos que eu não consigo explicar, 10 pessoas hoje são a Equipe, aquela que fez o meu ano sensacional, minha festa do rosa inesquecível e o Ano Novo um dos momentos mais especiais e intensos da vida. Uma equipe única, 5 homens e 5 mulheres, onde, claro, casais se formaram, por uma noite, uma semana ou até hoje, mas que uma amizade nasceu de pessoas diferentes, de núcleos diferentes e com histórias diferentes, mas que não importa para o que, eu posso contar seja para uma cerveja, uma dança, uma lágrima, um desabafo, boas risadas ou apenas companhia.

Cada um com seu apelido, mas a Nicole, a Vania, a Bruna, a Camila, o Leonardo, o Fernando, o Guilherme, o Ali e o Everton são os 9 melhores presentes do ano de 2011. E eu não os trocaria por nenhum outro presente.

Obrigada Equipe, por fazer de 2011 o ano ONZE que eu sempre sonhei.