quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Análise dos primeiros encontros: perspectiva masculina

Sou solteira. E todo mundo sabe. Mas já estive em relacionamentos e digo com propriedade: namorar engorda, ser solteiro empobrece. Para cada estado civil, há seus prós e contras, no inverno e verão, em eventos e cinemas. Nada como ser solteira na balada, nada como ter um colo no cinema...

Já tem algum tempo que eu recebi um dos melhores emails da minha vida, aquele que prova por A + B porque as mulheres NÃO devem pagar a conta do restaurante. É tanto tempo, preocupação e até mesmo dinheiro investido que nada mais justo que sair e não se preocupar também com a fatura do jantar. Ou motel, ou onde quer que dê o encontro. Cada um, cada um...

Mas eu tenho esta tendência a analisar e tentar ser o mais imparcial possível: parei pra pensar no lado masculino da coisa. Quão difícil, caro e inacessível é para um homem ter um encontro com uma mulher? Comecei idealizando um encontro tido como perfeito:
"Uma garota está num bar e um elegante, inteligente, bem-vestido e perfumado homem se aproxima e oferece a ela um drink. Após muita conversa, eles trocam telefones. Eles trocam SMS no dia seguinte, ele liga e marcam um encontro a dois. Ele a pega em casa, em seu carro, a leva para jantar num restaurante agradável. Após conversas e risadas, o clima esquenta e a garota, adulta que sabe o que quer, aceita prolongar a noite num lugar mais íntimo. Lógico que o lugar deve ser de qualidade e que a impressione. Após uma noite memorável, um café da manhã sela o encontro, ele a leva para casa e, dependendo do interesse (geralmente dele), o caso segue adiante."

Então, um homem TEM NECESSARIAMENTE que dar o primeiro passo. Parece fácil, mas eu não consigo. Todas as vezes que dei o primeiro passo me dei mal. E nem todo homem é assim autoconfiante. O que sobra para os tímidos? E o repertório? Porque, sim, mulher é exigente. Qualquer cantada mal dada, chance perdida. Mais uma: impera a lei do não. Não existe homem além do Brad Pitt que pontue em todas as tacadas. Logo, é a mesma ladainha over and over até levar alguém no papo. Autoconfiança E perseverança. Finalizada esta etapa, tem o então encontro. Concordo que mulheres fazem disso um evento muito maior que os homens. Calça, camiseta (fica a dica: homens, nós mulheres achamos muito mais interessante desabotoar uma camisa a despir uma camiseta de algodão com estampadas de números. Empenhem-se!) e sapato. Banho, uma borrifada de perfume e voilá! Mas... nós, enquanto ficamos tensas e quase tendo um AVC de tanto nervosismo, estamos nos trocando, maquiando, emperiquitando. Eles não, estão no carro a caminho, passando todos os pontos dos movimentos, o que falar, onde levar. O homem é culturalmente feito para pensar na parte prática do encontro. O que, pra mim, é muito pior.

Ok, agora vamos aos cálculos - muito por alto:
- Vestuário que chame a atenção: R$500
- Bom perfume: R$300
- Kit Barba, cabelo e bigode (a não ser que vc seja o cara e arrase mesmo com barba): R$30
- Entrada num bar da moda: R$80
- Drink: R$20
- Gasolina: R$50
- Jantar: R$150
- Motel de qualidade: R$200
- Camisinha: R$10
Total: R$1140,00

Ainda, os fixos:
- Investimentos em cultura e assuntos aleatórios: Incalculável;
- Academia: R$200 mensais - só se sua genética for perfeita elimine;
- Celular tecnológico que impressione: R$1500 (pós-pago por favor, ou some os créditos gastos nas ligações e SMS - e não conte que tem um celular pré-pago);
- Carro: R$40mil - afinal dizem que a beleza da mulher se mede pela marca do carro do homem que a acompanha...e olha que minha autoestima hoje está abalada.

E o cara, de quebra, deve ser bonito. Lógico!

Aí, vem umazinha e diz: “Falta homem no mundo!” Sim, falta. Nesta perspectiva, limamos a possibilidade de ter um novo relacionamento à décimos de porcentagem. Afinal, calculando, um cidadão que gaste cerca de R$ 500 em uma única mulher não ganha menos de 10 salários mínimos – ou é burro, e isso também não queremos. Queremos bonito, endinheirado, bem-vestido, perfumado, culto, educado, compreensivo... Pior é que nem dá pra eliminar nada desta lista... se não for bonito e tiver todo o resto somos putas. Feio e pobre com as características restantes são amigos. Do bem-vestido adiante, homossexuais.

Este devaneio me fez dar um pouquinho mais de valor à ala masculina. Afinal, anos e anos se passaram, mas ainda, eras depois, dezenas de sutiãs queimados depois, calças e camisetas substituindo espartilhos e anáguas depois... tudo em que tenho que me preocupar é em mostrar meus atributos e preparar meus longos cabelos para que o homo sapiens mais corajoso e forte venha até a mim e me cace como nos velhos tempos...

Ah, o famoso email citado: Porque os homens devem pagar a conta

PS: Analisando tanto a percepção masculina e feminina em relação aos encontros e paqueras, me pergunto porque tantos casais terminam, traem, se divorciam e são tão ansiosos em retornar para o "mercado" dos solteiros... Vida difícil.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

T-minus 30

Em num lapso de inspiração, numa entressafra de coisas boas a serem citadas, escrevo sobre músicas. Ou sobre autoestima, e então apago e recomeço. Falar sobre autoestima é fácil, difícil é mantê-la nas alturas. E toda vez que vem a inspiração, é em algum período ou assunto crítico, e eu não gosto de falar de emoções negativas, embora estas sejam mais fáceis. Quero falar sobre amizade, amor, música e fatias de pizza. Mas estes assuntos corriqueiros do dia-a-dia perdem seu brilho quando o corpo e alma não estão em sintonia.

E não, não estão. Meu corpo está num período de festas e badalação. Minha alma quer colo. Meu corpo sofre as consequências de uma rotina boêmia de bares, festas e baladas de sexta, sábado e até mesmo aos domingos - e ainda assim pede mais. Minha alma quer calma, quer carinho, quer desunir o pôr-do-sol visto no interior ao alarde do melhor festival de música.

Eles querem coisas distintas, mas eu sou uma só e não os comporto mais nestes conflitos de quereres e sentimentos. Eu quero dominá-los. Vejo um pouco de "Benjamin Button" na minha história, vejo que a minha linha do tempo ficou um pouco confusa, comecei adulta e estava me tornando mais e mais jovem e inconsequente conforme - em tese - amadurecia. Mas esta fase de compensações passou. Sim, eu digo: não tenho mais idade pra isso.

Neste exato momento, após muito aproveitar, retiro minha armadura e me dispo para a verdade. Esta fase de adolescência inversa acaba exatamente HOJE, e parto para uma nova busca. Meu alter-ego de Catarina reserva-se para ocasiões dispersas. Quero conhecer meu lado adulto. Quero outros sábados à noite, outros finais de tarde, outras manhãs de domingo.

Quero investir: mais em mim, mais no mundo, mais no futuro; e menos, muito menos tempo em sentimentos pequenos e mesquinhos, em buscas desnecessárias ou em pessoas em vão.

Quero amar: amar sem receios, de forma madura e segura, intensa e terna. Quero amor de mãe, amor de filho, amor de gato, amor-próprio. Quero um amor onde não haja conflitos entre a menina e a mulher que existem em mim.

Quero mostrar: mostrar que meus melhores atributos não são quantas tequilas ou temakis eu posso consumir, quão rápido eu posso dirigir ou quão alto meu salto pode ser. Eu também gosto de quartos limpos, o cheiro da minha comida atrai vizinhos e a minha cultura geral vai além das conversas de boteco.

Quero mudança: quero o cartão de crédito com menos itens em "Restaurantes" e "diversos" e mais em "viagens", "cultura" ou "investimentos".

Quero muito, mas porque eu tenho muito. E é por saber disso que me tornei tão exigente a ponto de saber quando e como querer.
Quando começar e quando terminar.
Quando ir e quando voltar.

HOJE começa meu inferno-astral.