segunda-feira, 14 de março de 2016

(des)tempero de família

Daí o Rodrigo Hilbert, apresentador do Tempero de família na GNT, matou um filhote e cozinhou. "Gente que mundo é esse???"

Mundo que sempre vivemos. Onde sempre comemos. Acontece gente. Vou continuar a bater na tecla que nos anos 90 estas coisas passavam na TV indiscriminadamente e não somos adultos afetados, violentos, perturbados. Somos adultos que vivemos uma infância onde pudemos escolher gostar das coisas que gostamos, certas ou erradas. Não fumo, não me drogo, não tenho perturbações psicológicas e minha avó matava galinha na minha frente.

AO VIVO.

Eu nem como carne vermelha, há quase uma década e porque me faz mal - fisicamente mesmo. Peixe quase que só no japa. Frango está cada vez menos no meu prato, ovos eu sempre penso no trabalho das galinhas poedeiras e toda vez que vejo uma gema clarinha fico com dó da coitada da galinha que já devia estar cansada de tanto botar ovo. Desde criança sou assim: tenho dó dos animais mas como carne. Porque acho que isso faz parte da cadeia, ninguém faz textão pro leão que hoje comeu uma zebra, amanhã variou e resolveu pegar um cervo. Comer outros animais faz parte da alimentação, e, NA MINHA OPINIÃO, faz quem quer. Não critico ninguém quem goste de cebola refogada no shoyo. Não faço textão pra quem ama um bom quiabo. E eu odeio cebola e tenho nojinho de quiabo.

Ao recalque das donas de casas, mães que cresceram à leite com pera (sabia que apertar a teta da vaca dói?), eu digo: Ô produção? Quem editou este programa? Quem tinha o roteiro? Quem da produção já não sabia que isso ia dar ruim porque o mundo tá chato e cheio de fascistas protegidos pelos teclados e touchscreens? Culpa não é de Rodrigo, ele não inventou a roda da cadeia alimentar. Não adianta querer derrubar página, programa, apresentador.

Sabe o que adianta? Entender que vivemos em um mundo de disparidades, culturas e tipos de vida diferentes. Entender e explicar para suas crianças o que você como educador considera certo e errado. E mostrar a realidade do mundo, porque não dá pra uma criança crescer sem saber que humanos comem filhotes sim, desde os primórdios da humanidade. Se hoje consideramos um ato desumano, porque existem outras alternativas de alimentação, não julguemos. Gastronomia é cultura. Destruir a imagem de um profissional nem evolui a sociedade e muito menos acaba com o problema. Estamos fazendo um desfavor à sociedade vegana nos utilizando deste discurso cheio de ódio direcionando ao cara que cozinhou, e não à sociedade que o criou. Porque quando defendemos um grupo criando um contexto de crime, criamos defensores e oprimidos. É este mundo que queremos? Muito mais simples expor e ensinar...

Crianças, me desculpem pelo mundo onde vocês estão sendo criados, pelas verdades mascaradas à que estão sendo expostas. O mundo é muito mais do que esta fração que a nova sociedade te permite enxergar.

Mas esta é só a minha opinião...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ser mulher sem ser feminista, o mundo tá ficando complicado.

Tenho um amigo, que trabalha com cerveja comigo é já está até acostumado com as polêmicas feministas do meio, que diz que toda vez que vê uma polêmica destas lembra de mim e ri porque sabe da minha aversão ao feminismo. E justo eu, que dedico minha vida à ensinar mulheres a beber tão bem quanto homens.
É que eu tenho preguiça de polêmicas, porque odeio discutir coisas que, no meu ponto de vista, são óbvias. E veja bem, se eu digo “no meu ponto de vista”, é porque não tô tentando mudar a cabeça de ninguém. Apenas acho que homens e mulheres são sim diferentes. E que tá tudo bem.
Há 5 meses operei o ombro, fiquei imobilizada um tempinho, e ainda não posso carregar peso. As caixas de cerveja? Homens carregam pra mim, numa atitude de apoio ao próximo. Abrir a porta do carro? Adoro. Se eu tenho preguiça de discutir, quiçá atividades manuais. Aliás, toda forma de galanteio é válida. De sedução também, portanto pode olhar meu decote, porque se eu não quisesse ser olhada eu me vestia de burca – o que aliás, se eu tecer minhas opiniões sobre o islamismo, que eu acho uma religião rica e repleta de conceitos que visam a proteção da família e da cultura, como qualquer religião, nossa, amarra esta garota, dirão.
Sou filha de mãe solteira, forte e guerreira. Admiro minha mãe de uma forma que palavras não exprimem. Mas eu quero filhos e marido. Quero filhos homens que cuidem de suas mulheres como meu pai não fez. Quero um marido pra cuidar, e pra cuidar de mim, porque este é meu entendimento de amor: querer cuidar.
Trabalho, trabalho muito, já cheguei a trabalhar quase 20 horas em um dia. Nossa, que workaholic! Sou sim, adoro trabalhar, mas se um dia eu precisar abdicar da minha vida profissional pra cuidar de filhos, casa, PESSOAS, não terei problema nenhum com isso.
Sobre sexo, ah meu Deus! Sexo diz respeito àquelas duas pessoas (ou mais, cada um cada um) que estão fazendo o que lhe dão prazer. Se ela quer apanhar na cara porque sente tesão na submissão, bata, puxe o cabelo, agarre com força. Se ela curte ficar por cima, deixe-a liberar aquela energia contida no dia-a-dia. Em suma, sejam parceiros e satisfaçam-se, independente de machismo/feminismo/mimimimismo. Porque esta é a finalidade do sexo: parceria, cumplicidade, amor. (em tempo, não uso X pra não esclarecer gêneros por uma simples regra gramatical: o plural de sujeitos indeterminados é usado na forma masculina.)
Minhas saias curtas, meus ombros à mostra, meu cabelo jogado, minha opção pela depilação a laser, lâmina, cera, ou até nenhuma, são parte do que eu gosto de ser. Meu corpo minhas regras não é mesmo? Não levanto bandeira nenhuma, não faço apologia à nada. Eu não sou obrigada a tomar partido só porque sou mulher, só porque trabalho num ambiente de divisões claras entre homens e mulheres, só porque me acho moderna.
Aliás, ninguém pediu a minha opinião quando queimaram sutiã e me obrigaram a trabalhar em dia de cólica. A recíproca é verdadeira. Se eu quiser tratamento especial porque menstruo, porque sou mulher, porque pari e mereço 6 meses de salário garantido, eu não posso me julgar defensora dos direitos iguais, porque estou mesmo é exigindo tratamento diferenciado. Então eu apenas sigo as regras. Ou se quiser fazer as minhas, saio do sistema, como já fiz.
Se um homem maltrata uma mulher, seja em agressões físicas ou palavras, o problema é ele. Tem que ser punido sim, porque desrespeitou outro ser humano, mais fraco por questão de fisiologia. Se o mesmo homem agrediu um outro homem menor, mais fraco, a justiça deve ser a mesma.  Então minha bandeira não tem cor, não é nem rosa nem azul.
Tem um coração gigante. Tem um smile face.
Minha bandeira defende o amor entre as pessoas, o respeito às opiniões.


Porque eu não sou obrigada a nada.