terça-feira, 25 de outubro de 2011

Por dias de inferno

Não, não é o inferno. Porque no inferno há pecado.

No inferno, há o desejo, a volúpia, o dissabor do promíscuo.
No inferno, o calor do fogo, o vermelho da paixão, a obscuridade de pensamentos mais íntimos.
No inferno, a luta, a condescendência, a renúncia, o desespero e a enfim entrega.
No inferno, lá embaixo, aqui ao lado, ou onde quer que seja.
No inferno, astral, real, virtual, surreal. Inferno, errado, julgado, condenado.

Não, não é o inferno. Porque é paraíso; anjos, em azul, nas nuvens, por arpas e com pureza.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Curta companhia

Esteve comigo na infância, emoldurou minha personalidade, meu rosto que até hoje manteve o mesmo traço, o mesmo jeito, tem o mesmo brilho no olhar e a mesma profundidade nos sonhos.

Me deixou viver a fase de rebeldia da adolescência sem sua presença, pediu licença para que eu jamais reclamasse ou me arrependesse. Pelo menos disso, ou dela.

Foi quando, adulta, no auge de madeixas vermelhas modernas, um tom de pele bronzeado e rotinas jovens, a tentação de tê-la novamente por perto venceu. Mas por muito pouco tempo. A autoestima trabalhou contra, e foi uma batalha perdida.

Novas tecnologias vieram, e um desejo arrebatador de mudança, de desespero, um tapa na cara. Que doeu, num erro ela reapareceu, e numa sucessão de tentativas desesperadas de reparação prometi que ela nunca mais voltaria. E assim foi feito.

Até que num momento mágico, de descoberta – do mundo e do meu mundo, numa personalidade que se permitiu arriscar e ousar, ela volta, exuberante e feliz. Era toda minha, minha cria, certa ou errada, não importasse como ou onde, ganhou um brilho, elogios e marcou.

Me lembra de um tempo bom, onde eu mesma era responsável por todas as minhas ações. Não havia mais ninguém por mim, nosso momento era único, eu cuidava dela e ela me acompanhava. Por meses a fio. Hoje reaparece de tempos em tempos, sempre bem-vinda, dividindo opiniões.

Faz com que eu me sinta bem comigo, mulher e menina, clássica, moderna, retrô ou alternativa, depende do dia.

Era de criança, hoje é de mulher.

Era "sazonal", hoje é temperamental.

Minha franja