domingo, 22 de janeiro de 2012

Paulista enquanto ciclista


Desde a que a Juliana entrou na minha vida, virei uma fã de São Paulo. Em tempo, Juliana é minha bike (e as coisas têm nomes na minha vida), uma nova paixão que surgiu recentemente e que por enquanto só nos encontramos em escassos domingos.

Eu confesso: nunca fui de fato apaixonada por São Paulo. Aquele sentimento forte de paulista, morar na Móoca, adorar o centro da cidade. Eu na mais absoluta sinceridade acho que esta cidade vai sofrer um colapso em pouco tempo, acho o centro cultural de São Paulo sujo e perigoso e sei que não posso contar com o transporte público daqui.

Em contrapartida, eu tenho um sotaque paulista forte e carregado, falo "meu" e "porra" de maneira nasalada em todas as sentenças, não consigo ficar em qualquer lugar que não tenha comércio e trânsito 24 horas por dia e adoraria comer pastel de feira todo sábado - embora minha úlcera já cicatrizada não me permita.

Já morei fora, conheci o organizado caos londrino e de outras cidades européias, sei da selva fantástica que é Nova York e até o Rio de Janeiro já me fez pulsar o coração, ainda que a ideia de morar em ambiente praiano sempre me fizera pensar que todo dia seria domingo.

Mas tem um momento que me faz pensar o contrário, que me faz querer ser paulista: quando Juliana e eu corremos pela Ciclofaixa de São Paulo. É o único momento em que me pego admirando a cidade, a simpatia de todos os organizadores de semáforos da ciclofaixa, a civilidade dos ciclistas, o respeito dos motoristas. O verde dos meios-fios, o sentimento de ser saudável, o escasso trânsito, o techno tocando no ipod, que embala cada pedalada. A entrada do parque do Ibirapuera, o lugar que minha mente para pra respirar e meus pensamentos me dão um breve descanso. É o momento em que penso como seria se minha cidade - amada - tivesse aquele grau de trânsito todos os dias, como seria se uma estação de metrô fosse minha vizinha, numa linha mesmo que com baldeações para aquela que seria vizinha do meu trabalho, ou como seria até se eu pudesse ir trabalhar de bike. Novamente, em tempo: meu caminho casa-trabalho é feito pela avenida dos bandeirantes, marginal pinheiros e outras vias carregadas.

Mas naquele momento, enquanto a "Ju" não murchou o pneu, enquanto sua marcha ainda não saiu do lugar ou enquanto o selim não está me matando aos poucos entre as pernas (ainda tenho algumas providências e aprendizados na vida de ciclista domingueira), naquele momento, eu tenho orgulho de São Paulo. E não pretendo sair daqui enquanto a ciclofaixa fizer parte dos meus domingos, o Parque do Povo fizer parte dos meus fins de tarde e de corrida e o Parque do Ibirapuera for meu terapeuta de abraços e bosques abertos.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Presentes de 2011

O primeiro dia do ano passado foi marcado pela maior ressaca moral da vida, por um grande buraco que eu mesma fiz no meu estômago. Foi um dia primeiro de um vazio sem explicação, que por mais que eu queira justificar a gravidade, não consigo. Talvez a intensidade de um sentimento tenha marcado um ano de grandes feitos. Eu prometi naquele dia que meu ano seria MEU ano. Que eu me divertiria como se não houvesse amanhã, que eu seria feliz e me dei 3 grandes objetivos. E pela primeira vez eu encho o peito e posso dizer que concluí os três grandes objetivos do ano. Entre erros e acertos, tropeços mas com minha graça eu venci. A sensação do dever cumprido é algo inebriante.

2011 era um ano 11, e com toda minha ladainha numerológica, eu fiz por onde. A viagem de volta à Londres, rever os amigos, viajar para o desconhecido novamente, reviver as melhores sensações, e poder fazer tudo sem me preocupar com a vida, apenas curtir, viajar, sorrir. Caminhar e conhecer, fazer amigos, viajar sozinha, comprar, comer... e todos os verbos que eu quis. Resolver pendências financeiras, físicas e emocionais. Me empenhar e crescer na carreira, me focar e sentir que eu de fato gosto do que faço. Fazer uma festa. Uma festa não, a melhor e maior festa de todos os anos, a sexta-feira onze do onze do onze, a festa rosa, os melhores amigos todos juntos. O bolo, a champagne, o momento mais esperado no relógio do cantinho inferior da tela do computador. Entrar no mundo da cerveja, e me apaixonar.

Eu sempre sou nostálgica no final do ano. Acho até que é um tanto normal este comportamento, afinal é o momento que a gente avalia todo o ano, as perdas e os ganhos, os objetivos e os obstáculos, se as resoluções do ano anterior foram concluídas... enfim, o balanço anual de nossas vidas. Eu sempre escrevo agradecendo no final do ano, sou uma otimista de carteirinha e acho que a cada ano que passa minha vida melhora de formas que no primeiro dia do ano eu nunca nem imagino. Mas este ano foi diferente. Desta vez eu esperei viver todos os dias para escrever. Esperei todos os momentos. Sinceramente falando, eu nunca vivi tão intensamente a ponto de deixar de lado a paixão de escrever sobre a vida para de fato vive-la.

Eu esperei a virada, esperei todos os brindes, todas as promessas porque eu queria que este agradecimento fosse especial. Eu vou replicar o brinde que eu fiz no momento da ceia de Ano Novo mais bonita que tive na vida. Eu entendi tudo, eu entendi que a vida é mais que aquela caixinha de surpresas. Eu sei que às vezes eu acho que sei tudo ou que entendo de tudo, mas dessa vez tudo fez sentido. Naquele momento, naquele brinde ao redor da mesa mais bonita tudo fez mais sentido e eu me senti quase que completa.

Numa madrugada o termo nasceu: “Aqui é Equipe”. Em um carnaval, um furto que hoje eu acho providencial aproximou uma garota perdida no Rio de Janeiro com um grupo de meninos sem igual. Em uma coincidência que hoje eu assumo premeditada, um resgate ocorreu. Em outro momento, uma festa de aniversário onde dois núcleos se uniram. Algum tempo depois, por uma série de eventos que eu não consigo explicar, 10 pessoas hoje são a Equipe, aquela que fez o meu ano sensacional, minha festa do rosa inesquecível e o Ano Novo um dos momentos mais especiais e intensos da vida. Uma equipe única, 5 homens e 5 mulheres, onde, claro, casais se formaram, por uma noite, uma semana ou até hoje, mas que uma amizade nasceu de pessoas diferentes, de núcleos diferentes e com histórias diferentes, mas que não importa para o que, eu posso contar seja para uma cerveja, uma dança, uma lágrima, um desabafo, boas risadas ou apenas companhia.

Cada um com seu apelido, mas a Nicole, a Vania, a Bruna, a Camila, o Leonardo, o Fernando, o Guilherme, o Ali e o Everton são os 9 melhores presentes do ano de 2011. E eu não os trocaria por nenhum outro presente.

Obrigada Equipe, por fazer de 2011 o ano ONZE que eu sempre sonhei.