quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Menos que mil palavras

Uma imagem. E só.

É o que eu tenho, e é nisso que me apeguei. E com tanta força que não consigo mais desvincular o meu eu e o meu querer desta imagem. Que aliás não é uma imagem, é uma ideia, um padrão, um conceito de vida que eu tomei por correto há algum tempo. E que outrora já me derrubou. Foram anos sustentando uma ideia, procurando alguém que não existia em outro alguém que não era o mesmo. Uma confusão de eus, tus e eles que só a mim machucava.

Eu me apaixono por ideias, por ideais. Me apaixono por palavras ditas em diálogos feitos na minha cabeça, durante minhas corridas semanais. Me apaixono por olhares dados em nanossegundos que não são direcionados à mim, mas à personagem que eu carrego. Me apaixono pelo protagonista de uma história que eu invento durante o banho, no momento mais criativo do meu dia.

E essa paixão se fortalece alimentando-se dos meus sonhos e se aloja no lado criativo do meu cérebro, montando de acordo com as informações que precisa aquilo que eu julgo perfeito. A paixão só não foi capaz de definir a forma, o modelo e o porte de toda esta idealização. Jogou em mim esta responsabilidade, eu que mal sabia o que fazia quando coloquei uma cor, um rosto e uma forma nisso tudo.  Juntei informações distintas e coloquei na mesma receita: um rosto, um sentimento, um ideal de beleza, de vida. Coloquei algumas pitadas de piadas internas, um cheiro bom e voilá! Meu veneno estava pronto.

Bebi acompanhado de uma boa dose de tequila para sustentar aquela personagem.

E a imagem... alterna entre vívida e esparsa, vem e vai em sonhos se tornando cada vez mais amena e carregando cada vez menos significados.

Talvez seja apenas o efeito da tequila, talvez seja a dose diária de realidade...

Talvez isso passe.

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