Em vez de contar primaveras, por uma curta fase da vida
contei carnavais.
Tive um namorado que dizia amar o carnaval, pois havia
nascido no carnaval. Não me lembro de um baile de carnaval com ele. Outro, que
também nasceu no carnaval, não era brasileiro. Quando assumi a solteirice,
levei a sério este lance de amar o carnaval. E então conheci o verdadeiro
carnaval brasileiro. Curti p.r.a.c.a.ra.l.h.o, mais do que minhas próprias
pernas podiam aguentar, durante dois ou três anos. E então, o que nunca
imaginei, me apaixonei por alguém que não compartilhava a devoção pelo
carnaval. No primeiro ano, conseguimos equilibrar e conciliar. Um bloco aqui,
outro acolá, um Rio de Janeiro aqui, um você fica até a quarta de cinzas que eu
volto pra SP acolá, e a realidade aconteceu. No próximo ano, entre as viagens
de trabalho dele e o Strawberry Fields Forever, curti o bloco sozinha, mas de
aliança no dedo. Na semana seguinte, carnaval na neve, comprada - e muito bem comprada – fui para NY fazer um
esquindô a dois.
Este ano me vejo novamente em um relacionamento sério com o
carnaval, mas vejo como nossa relação amadureceu. Ou endureceu. Ou envaideceu. Não
sei... Os blocos ainda envolvem, colocam sorriso no meu rosto. Mas falta
paciência, pegada, timing – este timing sim eu perdi. Me vi já no pré-carnaval
julgando, olhando torto, cheia de não me toques e não me beijes. Me senti
velha, pela primeiríssima vez na vida. Contemplativa, estou querendo entender a
relação carnaval X juventude.
E no auge dos meus trinta e poucos tão vividos, tenho ainda
uma semana de pré-carnaval para (me) entender e me entregar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário