segunda-feira, 31 de maio de 2010

Analogias

Não encosto a tesoura no meu cabelo há uns bons meses, aliás desde o ano passado. Está comprido, porém repicado, fashion, preto como nunca. E ah como quem me conhece sabe o mimo que tenho com meu cabelo. Gasto horas por dia com ele, penteando, alisando, adornando com presilhas, tiaras, grampos, prendendo, soltando, hidratando, fazendo tipinho passando a mão como uma garota carente à procura daquele que o afague... Assim como Sansão, é a fonte da minha força - interior. E eu sei que se eu cortá-lo, vou perder minha força, porque já o fiz, em 2007. Gostei por 3 dias, 4 talvez, mas depois... Aí foi uma sucessão de cortes, pinturas e escovas que fizeram de 2007 o meu pior ano - combinado com outras coisas: peso, vida financeira, carreira, úlcera e bursite.

Amo meu cabelo. E que bom que é ouvir as amigas elogiando a juba, falando sobre o comprimento, brilho, de como casa comigo, me deixa menina com um toque de mulher fatal. Todas as amigas adoram meu cabelo, menos uma, exatamente aquela que deveria adorá-lo: minha mãe, a cabelereira. Ela diz que está sem corte, com as pontas ressecadas, que precisa urgentemente de uma tesoura. Mas e a coragem?

Porque eu sei que não vão ser só as pontinhas, vou perder uns belos centímetros de força, e agora não estou podendo. mas o pior é intimamente assumir que por mais que todos elogiem, EU sei que sim, está sem corte, com as pontas ressecadas, precisando mesmo da tal da tesoura. E eu sei também que a mesma maldita tesoura ajuda no crescimento do cabelo, afinal, ela corta, tira bons pedaços, mas é o que devolve a força para o fio, que renovado vai voltar a crescer belo e pomposo. Eu sei disso tudo, eu cresci ao lado de uma (excelente) cabelereira. E ela é a profissional, ela sabe da real necessidade dos fios. As amigas se preocupam apenas com a aparência dele e nos efeitos que tem sobre mim. Mas, de novo, e a coragem?

Infelizmente, tem coisas na vida que nós nos prendemos, não queremos "deixar ir" (Lost!) mas que por mais que doam, são necessárias e que, quando menos imaginarmos, nem sentimos mais falta ou, melhor, já cresceram de novo. Por isso, este final de semana, eu tomei coragem e enfrentei a tesoura. Vinha fugindo dela há dias, mas eu queria mesmo dar uma repaginada. Mas não encostei no comprimento. Medidas paliativas, cortei um pouco mais e dei um toque na franja. E só na franja, o que já deveria ser suficiente. Mas não adianta fugir, a tesoura ainda me aguarda com sede de corte.

E eu hei de enfrentá-la!

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