terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Brincadeira de Criança

Quando eu era pequena, adorava minhas Barbies. Tinha, claro, o Ken, provando a safadeza nata da Barbie desde os anos 50. Tinha um bebê de Barbie, que hoje eu nem lembro de onde veio, e ainda tinha todos os apetrechos para a casa da Barbie.

A minha casa da Barbie era montada com as amiguinhas. Não era aquela padrão, vendida nas lojas, branca e rosa. Era montada mesmo, com os móveis de madeira feitos por habilidosos velhinhos que vendiam em suas feirinhas e lojinhas, além dos itens de cama, mesa e banho, enfim, todo o arsenal que utilizava o espaço de um quarto inteiro, onde improvisávamos bacias e tupperwares para a piscina, shampoos para o banho de banheira, pedaços de pano, almofadas, carpete e tecido para os casamentos, festas, enfim, toda a organização necessária para montarmos a casa da Barbie em estilo hollywoodiano.

Todo este processo durava horas. Montar uma casa inteira dava trabalho. Tanto trabalho que, depois de cerca de 3 a 4 horas montando tudo, já estávamos cansadas. Geralmente a brincadeira de Barbie em si durava menos de 30 minutos. Minhas amigas e eu nos entreolhávamos e ou deitávamos e dormíamos no meio da montagem, ou simplesmente decidíamos descer para o playground e ir brincar de outra coisa. O que era completamente descabido, porque geralmente era do playground que tínhamos vindo, cansadas do agito do balanço e decididas à uma brincadeira mais formal e instrospecta.

Passados inassumíveis anos, hoje eu me sinto exatamente naquele momento, onde estava cansada de preparar o terreno da brincadeira e querendo desesperadamente voltar para o playground. Passei tanto tempo me preparando para a vida que hoje eu já nem sei se estou onde quero estar, se a vida que vivo é a que quero. Criei uma expectativa tão grande que o tamanho desta me cansou antes de ver os resultados da brincadeira aparecerem.

Tudo que sei é que quero meu playground de volta.

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