segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Recado

Não são feitos mais de papel e caneta, muitos deles. Muitos são digitais, muitos são pessoais. Tecnologia que tira o charme de um papel dobrado, do tom azul da caneta bic e de quem sabe uma lágrima que molha o papel. Tecnologia que traz a mão trêmula segurando um celular ultramoderno.

Instante. Em menos de uma hora uma expectativa de vida, de mudança, se esvai, o coração gela e o peito dói. 

O livro da vida dá informações desnecessárias, em recados necessários. 

E a vida passa – ou continua – sem delongas. Seu recado foi dado, a decisão, que pareceu tão repentina (talvez não tenha sido), foi tomada sem prévio aviso, sem comunicação, no meio de palavras cruzadas e mentirosas. Nenhuma palavra de consideração. E tantas outras consequências neste tempo passivo foram notadas. Mudança, medo, mais mudança, uma nova esperança. Presentes, apoios, lágrimas e sorrisos, tantas misturas. 

Portas que se abriram para um coração doído que se fecha, quando entregou seu derradeiro recado, escrito em letra de mão, caneta rosa (porque ainda sonha), num papel dobrado molhado por lágrimas.

E o recado foi dado. 

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