quarta-feira, 24 de março de 2010

Eu sou o que dizem de mim!

Já me importei muito mais com isso, já me importei muito menos com isso. Hoje eu tento balancear.

Mas quem diz o quê?

O que minha família diz de mim? O que eu represento ao chegar em casa do trabalho? E meus amigos, o que eles vêem em mim? Quem me ama realmente me conhece, sabe meus segredos? Meus gatos e cachorros, sabem mesmo ver dentro dos meus olhos?

Não importa. Porque no fim, existe apenas uma única voz que quando fala mais alto, que quando me critica, me incomoda. É a voz da minha consciência. Sim, porque por mais que eu seja - ou queira ser - perfeita em tudo que faço, por mais que as pessoas acreditem em mim, por mais que eu as convença, seja de que maneira for, essa voz está lá. Ela fala. Alto, pra eu escutar com atenção. Ela tem uma voz irritante, ela vê tudo que eu faço, e é impressionante com ela tem boa memória e é observadora. Ela me lembra de coisas que eu (insisto em fingir que) não lembro. Ela se silencia durante todo o dia, mas passa a noite acordada. Basta eu deitar, olho de rabo de olho e lá está ela, dividindo o mesmo travesseiro espacial. O travesseiro é leve, mas com duas cabeças ele afunda e se torna desconfortável. Que saco consciência! Mas... E se eu deixasse de dormir? Afinal, se minha consciência é tão ausente durante o dia, posso passar as noites em claro e ela nunca mais vai me importunar. Simples. Durante o dia, tiro leves cochilos espaçados e descanço, à noite eu saio, esqueço o mundo e vivo uma nova realidade, sem a maldita consciência pra aborrecer minha madrugada.
(...)
Não durmo há meses, anos. Já não sei mais qual é a minha realidade, se é durante a noite, na minha fuga, ou durante o dia, naquilo que eu chamava de vida. Está tudo bagunçado. Já não sei mais quem eu posso convencer, se aos outros ou a mim mesma. Minha vida se tornou repetitiva, ociosa, ando em círculos. Tenho a impressão que todos falam sobre mim, de mim, mas nunca pra mim. Tenho saudade da voz da minha consciência, do meu travesseiro...

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